Saúde e Ciência

Cobertura vacinal no Brasil enfrenta desafios, com apenas 32% dos municípios atingindo metas essenciais

Em 2023, nenhuma vacina infantil no Brasil atingiu a meta de 95% de cobertura, com destaque negativo para a tríplice viral e BCG, segundo o Anuário VacinaBR. A situação exige ações específicas e urgentes.

Atualizado em
June 23, 2025
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O Brasil enfrenta sérios desafios na cobertura vacinal, conforme aponta o Anuário VacinaBR, elaborado pelo Instituto Questão de Ciência (IQC) em parceria com a Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Em 2023, nenhuma vacina infantil do calendário nacional alcançou a meta de 95% de cobertura em todos os estados. Vacinas essenciais, como a tríplice viral e a BCG, apresentaram resultados alarmantes, com muitos estados não atingindo a porcentagem necessária para evitar a transmissão de doenças.

O estudo revela que apenas 1.784 municípios, menos de 32% do total no Brasil, conseguiram cumprir a meta de cobertura para quatro vacinas prioritárias: pentavalente, poliomielite, pneumo-10 e tríplice viral. O Ceará destacou-se positivamente, com 59% das cidades imunizando o público-alvo, enquanto no Acre apenas 5% dos municípios atingiram a meta. O diretor executivo do IQC, Paulo Almeida, ressalta que a diversidade regional exige abordagens específicas para cada localidade, já que municípios vizinhos podem ter taxas de imunização muito diferentes.

Outro dado preocupante é a vacina BCG, que protege contra formas graves de tuberculose e deve ser administrada logo após o nascimento. Em 2023, apenas oito estados alcançaram a meta de cobertura, enquanto em 11 estados a taxa ficou abaixo de 80%, com o Espírito Santo registrando menos de 58% de imunização entre os bebês. A diretora da Sbim, Isabela Ballalai, enfatiza a importância do papel dos gestores municipais na implementação das recomendações do Ministério da Saúde, além de destacar a necessidade de adaptar as estratégias às realidades locais.

A hesitação vacinal é alimentada pela baixa percepção de risco das doenças preveníveis. A falta de informação e o acesso limitado às vacinas também são fatores críticos. O Brasil conta com 38 mil salas de vacinação, mas a desinformação e a dificuldade de acesso podem levar à não vacinação. As taxas de abandono, quando a primeira dose é recebida mas o esquema vacinal não é completado, permanecem estáveis desde 2018, com a vacina tríplice viral apresentando apenas quatro estados com cobertura ideal na primeira dose.

Atualmente, surtos de sarampo em diversos países e casos isolados no Brasil reforçam a urgência da vacinação. Almeida observa que as campanhas de vacinação precisam se adaptar às novas realidades de comunicação, utilizando ferramentas como lembretes por SMS para aumentar a adesão. A diretora Isabela Ballalai sugere que as escolas sejam utilizadas como pontos de vacinação e educação, facilitando o acesso e a disseminação de informações sobre a importância das vacinas.

Neste cenário, a união da sociedade civil é fundamental para enfrentar os desafios da vacinação. Projetos que promovem a conscientização e o acesso à imunização podem fazer a diferença na vida de muitas crianças e famílias. A mobilização em torno da saúde pública é essencial para garantir que todos tenham acesso às vacinas e estejam protegidos contra doenças evitáveis.

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