Saúde e Ciência

A alta rotatividade de profissionais de saúde no Brasil compromete a qualidade da atenção primária à saúde

O Brasil atinge a meta de um profissional de atenção primária para cada 3.500 habitantes, mas enfrenta uma rotatividade média de 33,9%, comprometendo a continuidade do cuidado. O painel do FGV IBRE revela que estados com menor PIB per capita, como Maranhão e Amapá, têm os maiores índices de evasão, enquanto regiões mais ricas retêm melhor seus profissionais.

Atualizado em
July 16, 2025
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O Brasil atingiu a meta de um profissional de atenção primária para cada três mil e quinhentos habitantes, conforme dados do painel do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE). Apesar desse avanço, a alta rotatividade de médicos e profissionais de saúde, que alcançou uma média de trinta e três vírgula nove por cento entre 2022 e 2024, compromete a continuidade do cuidado. Essa situação é preocupante, especialmente em regiões vulneráveis, onde a relação entre profissionais e pacientes é essencial para um atendimento eficaz.

O relatório revela que setenta e oito por cento das regiões de saúde também cumprem a meta de um agente comunitário de saúde para cada setecentos e cinquenta habitantes. Os dados foram coletados de diversas fontes, como o Sistema de Informações Hospitalares e o Sistema de Vigilância de Fatores de Risco. A análise mostra que estados com menor Produto Interno Bruto (PIB) per capita, como Maranhão e Paraíba, apresentam os maiores índices de saída de profissionais, enquanto estados com PIBs mais altos, como São Paulo e Rio de Janeiro, conseguem reter suas equipes com mais eficácia.

As disparidades na presença de médicos na atenção primária são notáveis. Santa Catarina, por exemplo, possui três vírgula quinze médicos para cada três mil e quinhentos habitantes, enquanto o Distrito Federal tem apenas um vírgula dois. O Amapá destaca-se com a maior rotatividade de médicos, com quarenta e oito vírgula zero seis por cento, enquanto o Distrito Federal apresenta a menor, com vinte e nove vírgula vinte e três por cento.

A análise também aponta uma correlação significativa entre a rotatividade médica e o PIB municipal de 2021. Regiões com menor desenvolvimento econômico tendem a ter maior evasão de profissionais. A Dra. Marcella Abunahman, médica de família e comunidade, enfatiza que a continuidade no cuidado é fundamental para o acompanhamento de doenças crônicas e que a rotatividade fragiliza esses vínculos essenciais.

Embora existam programas federais e estaduais para fixação de profissionais na atenção primária, como o Programa Mais Médicos e o Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica, a permanência nas equipes ainda é um desafio. A remuneração e a instabilidade contratual são fatores que dificultam a retenção. A Dra. Marcella destaca que ações como auxílio-moradia e planos de carreira podem ser diferenciais importantes para incentivar a permanência dos profissionais nas unidades de saúde.

O fortalecimento da atenção primária é crucial para a sustentabilidade do Sistema Único de Saúde (SUS) e para a efetividade do cuidado em todo o país. A iniciativa da FGV e da Umane, ao fornecer dados robustos, pode inspirar novas gerações de médicos a enxergarem a atenção primária como uma escolha profissional relevante. Nessa situação, a união da sociedade pode ser um fator decisivo para apoiar iniciativas que promovam a valorização e a permanência de profissionais na saúde, garantindo um atendimento de qualidade para todos.

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