Saúde e Ciência

Câncer de pênis: mais de 21 mil diagnósticos e alta taxa de amputações no Brasil entre 2012 e 2022

Câncer de pênis afeta mais de 21 mil homens no Brasil, com alta taxa de amputações. Especialistas alertam sobre a falta de informação e tabus que dificultam o diagnóstico precoce e o tratamento eficaz.

Atualizado em
April 23, 2025
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Surgimento do câncer de pênis está intimamente associado à má higienização do membro. Foto: Dragana Gordic/Adobe Stock

O câncer de pênis é uma condição grave, com mais de 21 mil diagnósticos entre 2012 e 2022, conforme dados da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). Anualmente, cerca de 600 homens enfrentam a necessidade de amputação devido à gravidade da doença. A falta de informação e os tabus relacionados ao tema dificultam o diagnóstico precoce, resultando em altas taxas de mortalidade. Entre 2011 e 2021, aproximadamente quatro mil homens faleceram em decorrência dessa enfermidade.

O urologista Walter da Costa, do A.C. Camargo Câncer Center, destaca que o câncer de pênis é frequentemente identificado em estágios avançados. “Três em cada quatro pacientes que precisam de amputação acabam falecendo”, afirma. A desinformação é um fator crítico, especialmente em comunidades de menor poder aquisitivo, onde o acesso a informações sobre saúde é limitado. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) aponta que a maioria dos casos no Brasil ocorre nas regiões Norte e Nordeste.

Além da falta de informação, o tabu em torno do órgão genital masculino contribui para o atraso na busca por tratamento. O urologista Arie Carneiro, do Hospital Israelita Albert Einstein, observa que muitos pacientes hesitam em relatar feridas no pênis, levando a um atraso de até um ano na procura por ajuda médica. Quanto mais tarde a doença é diagnosticada, mais difícil se torna o tratamento, conforme alerta o urologista Maurício Dener Cordeiro, coordenador do Departamento de Uro-Oncologia da SBU.

Os sintomas iniciais incluem feridas na glande que não cicatrizam, podendo evoluir para infecções. A falta de higiene adequada é um fator que favorece o desenvolvimento do câncer, assim como a infecção pelo HPV (papilomavírus humano), que também está relacionada ao câncer de colo de útero nas mulheres. A prevenção inclui a vacinação contra o HPV, disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) para jovens de nove a quatorze anos e imunossuprimidos até os quarenta e cinco anos.

O tratamento do câncer de pênis varia conforme o estágio da doença. Se detectado precocemente, pode ser tratado de forma menos agressiva, como com cauterização ou laser. Nos casos mais avançados, a amputação é necessária, podendo ser parcial ou total, o que impacta a vida sexual do paciente. Embora existam técnicas de reconstrução, elas não restauram a sensação de prazer. A amputação total pode levar a mudanças significativas na forma como o paciente urina, além de causar impactos psicológicos profundos.

É fundamental que a sociedade se una para apoiar iniciativas que promovam a conscientização sobre o câncer de pênis e a importância da higiene e do tratamento precoce. Vítimas dessa condição podem precisar de suporte para enfrentar os desafios físicos e emocionais que surgem com a doença. A mobilização da comunidade pode fazer a diferença na vida de muitos homens que enfrentam essa realidade.

Estadão
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