Meio Ambiente

Cooperativas de catadores impulsionam reciclagem e promovem inclusão social no Distrito Federal

Em 2024, o aproveitamento de resíduos recicláveis no Distrito Federal alcançou 55%, com o aumento de cooperativas de 20 para 31, refletindo um avanço significativo na coleta seletiva e inclusão social.

Atualizado em
July 24, 2025
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Cerca de 55% dos resíduos recicláveis são aproveitados no DF - (crédito: Bruna Gaston CB/DA Press)

O aproveitamento de resíduos recicláveis no Distrito Federal alcançou 55% em 2024, um aumento considerável em relação aos 37% registrados em 2020. Essa melhoria é crucial para reduzir a pressão sobre o meio ambiente, diminuir a necessidade de novas matérias-primas e prolongar a vida útil do aterro sanitário. O esforço de mais de mil catadores organizados em cooperativas é fundamental para garantir um destino sustentável para materiais como papel, plástico e metal descartados pela população.

Marizete Pereira, com 69 anos e três décadas de experiência em reciclagem, começou sua trajetória no antigo Lixão da Estrutural em 1990. Ela relata que seu trabalho não apenas garantiu sustento, mas também proporcionou transformação pessoal. "Esse serviço me ensinou a ser uma pessoa melhor. Lixo é dinheiro, sim", afirma. Contudo, Marizete alerta para os riscos à saúde enfrentados pelos catadores, como o manuseio de materiais perigosos que podem vir de descartes inadequados.

O número de cooperativas de catadores no Distrito Federal cresceu de 20 para 31 em 2024, recolhendo mais de 58 mil toneladas de recicláveis, um aumento significativo em comparação às 18 mil toneladas de 2020. João Marcos Souza, diretor administrativo da Coopere, explica que a cooperativa surgiu para regularizar a situação dos catadores, permitindo que cada um receba de acordo com sua produtividade, promovendo assim maior justiça na remuneração.

Os resíduos são separados em categorias, pesados e vendidos a empresas especializadas. Apesar dos avanços, ainda 25% do material reciclável vai para o aterro devido ao descarte inadequado. Marcelo Souza, catador há cinco anos, destaca que o lixo úmido e contaminado dificulta o trabalho e gera problemas de saúde. Ele também menciona o preconceito enfrentado por catadores, que muitas vezes são desvalorizados pela sociedade.

Andréa Almeida, diretora técnica do Serviço de Limpeza Urbana (SLU), enfatiza que a coleta seletiva não apenas beneficia o meio ambiente, mas também promove inclusão social e geração de renda. Rosimeire Maria Alves, que começou a trabalhar com reciclagem aos oito anos, agora atua na gestão de uma cooperativa e destaca a importância do trabalho para sua família e comunidade. "Separar o lixo é um gesto de cuidado com o próximo e com o planeta", afirma.

O sucesso da coleta seletiva depende do engajamento da população, segundo a diretora do SLU. Para incentivar essa participação, o SLU realiza ações de educação ambiental e disponibiliza um aplicativo que orienta sobre a coleta. A união da sociedade civil pode ser um fator decisivo para aumentar a taxa de reciclagem e garantir um futuro mais sustentável para todos.

Correio Braziliense
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