Meio Ambiente

Governança climática avança no Brasil, enquanto EUA enfrentam retrocessos em práticas ESG

A governança climática nas empresas dos EUA enfrenta desafios, enquanto o Brasil avança com normas ESG, incluindo relatórios de sustentabilidade e gerenciamento de riscos climáticos. Nos EUA, a BlackRock abandonou o termo ESG, refletindo uma resistência crescente, enquanto no Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e a Superintendência de Seguros Privados (Susep) implementam regras que exigem relatórios de sustentabilidade, moldando a agenda corporativa.

Atualizado em
August 21, 2025
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Da esq. para dir.: Luciana Dyniewicz, mediadora, Carolina Bueno, Fernanda Claudino, Jéssica Bastos e Maria Emília Peres Foto: Helcio Nagamine/Estadão

O debate sobre governança climática nas empresas nos Estados Unidos enfrenta desafios significativos. A decisão da BlackRock, a maior gestora de ativos do mundo, de abandonar o termo ESG (Ambiental, Social e Governança) em resposta à pressão de clientes vinculados à indústria do petróleo, gerou uma onda de questionamentos. Essa mudança ocorre em um contexto onde a Comissão de Valores Mobiliários (SEC) demonstra resistência às regras de divulgação climática anteriormente propostas, refletindo um retrocesso nas discussões sobre sustentabilidade.

A professora Fernanda Claudino, da Fundação Getulio Vargas (FGV) e da Universidade de São Paulo (USP), destacou que a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris e o retrocesso em diversidade e inclusão nas empresas impactaram negativamente o mercado. Ela enfatiza que a pauta ESG possui um forte componente político, além de suas implicações financeiras. O evento Summit ESG, promovido pelo Estadão, serviu como plataforma para discutir esses desafios e a necessidade de ações concretas.

No Brasil, a situação é diferente, com órgãos reguladores avançando na criação de normas ESG. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) implementou regras que exigem relatórios de sustentabilidade, enquanto a Superintendência de Seguros Privados (Susep) introduziu diretrizes para o gerenciamento de riscos climáticos. Essas iniciativas visam atender à crescente demanda dos investidores por informações sobre os riscos associados à sustentabilidade.

Fernanda Claudino ressaltou que, apesar das dificuldades enfrentadas globalmente, o Brasil está fazendo progressos. As novas regras da CVM, conhecidas como S1 e S2, exigem que empresas listadas na B3 apresentem relatórios com foco financeiro, refletindo uma movimentação global em direção à transparência. Jéssica Bastos, da Susep, destacou que o setor de seguros começou a se concentrar na pauta ESG mais tarde, mas desde 2022 tem avançado com a criação de regras para a divulgação de riscos climáticos.

Maria Emília Peres, da Deloitte, observou que sessenta e dois por cento das empresas brasileiras já alinham suas estratégias de ESG com seus negócios, um aumento significativo em relação a 2023. Ela acredita que tanto o setor privado quanto o público estão comprometidos em não retroceder nas questões de sustentabilidade, citando exemplos positivos como a Natura, que neutralizou suas emissões, e a Petrobras, que investiu US$ 16 bilhões em transição energética.

Carolina Bueno, do Grupo Globo, enfatizou a importância de as empresas adotarem uma abordagem pragmática em suas decisões. Ela defendeu a necessidade de priorizar investimentos que tragam resultados concretos, como a promoção da diversidade. Em um cenário onde a sustentabilidade se torna cada vez mais crucial, a união da sociedade civil pode ser um fator determinante para impulsionar iniciativas que beneficiem o meio ambiente e a inclusão social.

Estadão
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