Educação

Adolescentes enfrentam desafios na sexualidade devido ao consumo de pornografia online e falta de educação sexual adequada

Cerca de 28% dos adolescentes brasileiros entre 15 e 17 anos acessaram pornografia online, gerando preocupações sobre saúde mental e relações interpessoais, segundo pesquisa de 2023. Especialistas alertam para a necessidade de educação sexual adequada e supervisão parental.

Atualizado em
July 24, 2025
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Carolina Daffara/Folhapress

O acesso à pornografia online entre adolescentes é uma preocupação crescente no Brasil. De acordo com a pesquisa TIC Kids Online Brasil, realizada em 2023, 28% dos jovens entre 15 e 17 anos já visualizaram conteúdo pornográfico na internet. Esse fenômeno não é exclusivo do Brasil; um estudo da Common Sense Media, de 2022, revelou que 44% dos adolescentes americanos também tiveram acesso a esse tipo de material, muitos antes dos 13 anos.

A psiquiatra e sexóloga Carmita Abdo, coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade da Universidade de São Paulo (USP), destaca que a pandemia de Covid-19 intensificou essa iniciação sexual virtual. Ela observa que muitos jovens estão adiando a iniciação sexual presencial, resultando em casos de indivíduos com 20 ou 25 anos que nunca tiveram contato físico, permanecendo presos à experiência virtual.

Esse padrão de consumo de pornografia gera preocupações significativas. Abdo alerta que a masturbação estimulada por pornografia pode criar uma dependência da estimulação direta, tornando as relações sexuais reais menos satisfatórias. A pesquisadora Déborah De Mari, fundadora da plataforma Força Meninas, complementa que as meninas são introduzidas na educação sexual através da pornografia, o que pode banalizar o início da vida sexual e reforçar comportamentos perigosos, como a objetificação e a violência contra a mulher.

Para os meninos, De Mari ressalta que muitos não têm uma compreensão adequada sobre consentimento, e a sociedade frequentemente aceita comportamentos inadequados como parte da masculinidade. A doutora em psicologia Rita Martins Godoy Rocha acrescenta que estereótipos de gênero, como "homem não chora", contribuem para a construção de uma masculinidade tóxica, alimentando comportamentos agressivos e perpetuando um ciclo de violência e sofrimento psicológico.

As especialistas concordam que o consumo excessivo de pornografia pode levar a comportamentos sexuais compulsivos, isolamento social e uma compreensão distorcida sobre consentimento. Esse impacto afeta tanto meninas quanto meninos, levando a uma comparação com corpos irreais e a uma baixa autoestima. Para mitigar esses efeitos, Abdo sugere que a educação sexual comece em casa desde cedo, com diálogos abertos e adequados à idade.

Além disso, é fundamental que os pais e as instituições de ensino se atualizem sobre o consumo de pornografia online, promovendo discussões críticas sobre o tema. A capacitação de professores e o engajamento das famílias são essenciais para criar um ambiente seguro e saudável para o desenvolvimento da sexualidade dos jovens. Nossa união pode ajudar a promover iniciativas que fortaleçam a educação sexual e o bem-estar emocional dos adolescentes.

Folha de São Paulo
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