Meio Ambiente

Ativismo ambiental se transforma com a juventude nas redes sociais e desafios da militância digital

Ativistas de diversas gerações debatem a fragmentação do ativismo ambiental nas redes sociais, ressaltando a importância da educação e da coletividade na luta contra as mudanças climáticas. A juventude busca novas formas de mobilização, mas enfrenta desafios na organização política e na participação efetiva.

Atualizado em
June 27, 2025
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Ativistas climáticas têm opiniões diferentes sobre o uso das redes sociais na militância; na foto, da esq. para a dir, Luísa Santi, 21, Maria Regina Alves, 82, Fernanda Banyan, 23, e Eleni Rocha, 65 - Raquel Franco e Lucas Seixas/Folhapress

O ativismo ambiental tem se transformado com o uso das redes sociais, especialmente entre os jovens, que buscam formas imediatas de mobilização diante das mudanças climáticas. Recentemente, ativistas de diferentes gerações expressaram preocupações sobre a fragmentação da causa ambiental nas plataformas digitais, ressaltando a necessidade de educação e coletividade no ativismo climático.

Luísa Santi, estudante de relações internacionais, começou sua trajetória no ativismo ambiental em São Bernardo do Campo, SP. Motivada pela escola, ela se envolveu em atividades de educação ambiental e, posteriormente, participou das greves pelo clima organizadas pelo movimento Fridays For Future. Santi cofundou a organização online Climate Activists Defenders, que defende os direitos de ativistas climáticos globalmente. Para ela, o ciberativismo oferece uma nova forma de mobilização, permitindo que jovens se conectem com pessoas ao redor do mundo.

A professora aposentada Maria Regina Alves, de oitenta e dois anos, recorda com nostalgia do tempo em que a mobilização se dava nas ruas. Ela expressa preocupação com a modernização do ativismo, afirmando que as redes sociais dificultam a verificação da veracidade das informações. Regina participa ativamente de protestos, enfatizando a importância da presença física na luta ambiental, e lamenta a baixa participação de jovens nas ruas.

O historiador Erahsto Felício, professor no Instituto Federal da Bahia, observa que, embora as redes sociais ampliem o debate sobre ativismo climático, elas não geram conquistas práticas. Ele argumenta que a juventude urbana, desconectada da natureza, perdeu a dimensão prática da preservação ambiental. Felício destaca que a militância digital tende a favorecer figuras populares, como Greta Thunberg, em detrimento da construção de conceitos coletivos.

Bianca Géa, de dezessete anos, cresceu em um ambiente de ativismo, acompanhando sua mãe em protestos. Ela reconhece que o meio digital atrai jovens, mas acredita que é necessário um interesse prévio pelo tema. Segundo ela, a influência dos pais é crucial na formação da consciência política e ambiental dos adolescentes. Erahsto Felício complementa que a busca por respostas nas redes reflete a descrença dos jovens no poder público, incapaz de lidar com a velocidade das mudanças climáticas.

Jennyffer Bekoy Tupinambá, ciberativista indígena, ressalta a importância de ouvir os mais velhos, que detêm conhecimento sobre a natureza. A relação entre jovens e ativistas mais velhos é fundamental para a continuidade do movimento. Fernanda Banyan, de vinte e três anos, destaca que as pautas ambientais devem ser integradas ao cotidiano e à vida política. Em um cenário de crise climática, a união entre gerações pode fortalecer a luta por um futuro sustentável. A mobilização coletiva pode ser a chave para impulsionar projetos que promovam a conscientização e a ação em defesa do meio ambiente.

Folha de São Paulo
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