Educação

Cinquenta anos após a criação dos Cieps, a educação integral ainda é um desafio no Brasil

Em 2023, ao celebrar cinco décadas do primeiro Ciep, o debate entre Leonel Brizola e Fernando Henrique Cardoso em 1994 destaca a urgência por uma educação de qualidade no Brasil. A desigualdade educacional persiste, mas há potencial para expandir a educação integral.

Atualizado em
May 19, 2025
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O CIEP do Catete, o primeiro erguido no projeto de Brizola — Foto: Lucio Marreiro / Agência O Globo

No mês em que se celebra o cinquentenário do primeiro Centro Integrado de Educação Pública (Ciep), é pertinente recordar um debate presidencial de mil novecentos e noventa e quatro entre Fernando Henrique Cardoso e Leonel Brizola. Durante a discussão, Cardoso questionou a viabilidade financeira das escolas de educação integral, mencionando que o custo de cada unidade variava entre um e dois milhões de dólares, além das despesas de manutenção. Ele argumentou que, apesar de serem boas em teoria, essas instituições poderiam criar uma nova elite educacional.

Brizola, por sua vez, defendeu a importância da educação, afirmando que o verdadeiro custo era a ignorância. Ele destacou que o Brasil precisava de uma escola que atendesse integralmente as crianças, oferecendo alimentação e assistência médica, como já era feito em países europeus. Essa visão era revolucionária para a época, pois desafiava a ideia de que a educação de qualidade era um privilégio apenas para os mais favorecidos.

Na década de mil novecentos e oitenta, o cenário educacional brasileiro era marcado por desigualdades extremas. Apenas quatorze por cento dos jovens entre quinze e dezessete anos estavam matriculados no ensino médio, e as creches atendiam apenas cinco por cento da população de zero a três anos. As condições de acesso à educação eram precárias, e a necessidade de soluções em larga escala era evidente.

Fernando Henrique também tinha seus argumentos. Historicamente, o Brasil sempre investiu menos de dois por cento do Produto Interno Bruto (PIB) em educação até mil novecentos e sessenta e um. Após a redemocratização, esse percentual começou a aumentar, mas ainda estava abaixo do que países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) investiam na época. Essa falta de investimento refletia uma escolha política que priorizava outros setores em detrimento da educação.

Darcy Ribeiro, outro idealizador dos Cieps, afirmava que a crise educacional no Brasil nunca foi uma crise, mas sim um projeto. Apesar das frustrações, hoje o país possui melhores condições para expandir a educação integral, conciliando qualidade e escala. No entanto, ainda existem desafios significativos a serem enfrentados, como a infraestrutura das escolas e a formação adequada dos professores.

Em um momento em que a educação integral se torna cada vez mais necessária, é fundamental que a sociedade civil se mobilize para apoiar iniciativas que visem melhorar as condições educacionais no Brasil. A união em torno de projetos sociais pode fazer a diferença na vida de muitas crianças e jovens, garantindo que todos tenham acesso a uma educação de qualidade e a um futuro melhor.

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