Impacto Social

Cresce a preocupação com o cuidado na velhice em meio à queda da taxa de fecundidade no Brasil

A atriz Ana Hikari e outras mulheres discutem a falta de suporte estatal para cuidados na velhice, evidenciando a necessidade de planejamento financeiro em um contexto de queda na taxa de fecundidade.

Atualizado em
April 27, 2025
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A atriz Ana Hikari, 30, não pretende ter filhos e planeja uma velhice ao lado dos amigos - Rafaela Araújo/Folhapress

A atriz Ana Hikari, de trinta anos, declarou que não pretende ter filhos, refletindo uma tendência crescente entre mulheres que optam por não ter filhos. Segundo dados do Our World in Data (OWD), a taxa de fecundidade global caiu pela metade nos últimos sessenta anos. No Brasil, essa média passou de 6,12 em mil novecentos e cinquenta para 1,62 em dois mil e vinte e três. Essa diminuição, aliada ao envelhecimento da população, gera preocupações sobre a sustentabilidade dos sistemas previdenciários e a força de trabalho futura.

Hikari expressou sua preocupação sobre quem cuidará dela na velhice, afirmando que não quer ter filhos apenas para garantir assistência no futuro. Ela cuida de sua mãe, de setenta anos, que enfrenta problemas de saúde, mas não deseja que a maternidade seja uma solução para suas necessidades futuras. A atriz enfatiza a importância de um planejamento financeiro adequado e de manter a autonomia na velhice.

A diretora de marketing Denise Crispim, de quarenta e seis anos, também discute o cuidado a longo prazo com sua filha, Sofia, de dezenove anos, que tem paralisia cerebral grave. Denise reconhece que o cuidado é caro e que é essencial ter uma reserva financeira para ambas. Ela começou a refletir sobre essas questões após os quarenta e cinco anos, quando percebeu mudanças em sua saúde e no corpo.

Denise acredita que a autonomia de Sofia é fundamental e que, ao longo dos anos, elas trabalharam juntas para que a jovem se tornasse mais independente. No entanto, ela reconhece que a realidade é desafiadora, especialmente para pessoas com deficiência, que frequentemente enfrentam barreiras educacionais e financeiras. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que uma em cada quatro pessoas com deficiência acima dos vinte e cinco anos não completou o ensino médio.

O custo dos serviços de cuidado no Brasil é elevado, dificultando o acesso da maioria da população. Em São Paulo, por exemplo, as casas de repouso para idosos podem custar de R$ 3.500,00 a R$ 16 mil mensais, enquanto os serviços de cuidadores em casa superam R$ 10 mil. A engenheira civil Odete Santos, de sessenta e seis anos, expressou sua preocupação com a falta de recursos para cuidados futuros, questionando se seu filho de dezenove anos abrirá mão de sua vida para cuidar dela.

A consultora de políticas públicas Lívia Merlim destaca a necessidade de o Estado fornecer serviços de cuidado para reduzir desigualdades de renda e gênero. A Política Nacional de Cuidados, sancionada recentemente, é um passo importante, mas ainda carece de ações concretas. A valorização do trabalho de cuidado, que é predominantemente realizado por mulheres, especialmente negras, também é uma questão urgente. A união da sociedade pode ser fundamental para apoiar iniciativas que garantam cuidados adequados e dignos para todos.

Folha de São Paulo
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