Meio Ambiente

Desmatamento e queimadas na Amazônia comprometem interações ecológicas essenciais para a floresta

Estudo revela que interações de frugivoria na Amazônia permanecem empobrecidas após 20 anos de queimadas e desmatamento, comprometendo a biodiversidade e a regeneração florestal. A pesquisa, liderada pela bióloga Liana Chesini Rossi, destaca a perda de espécies e interações essenciais para a manutenção do bioma.

Atualizado em
June 25, 2025
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Incêndio na Terra Indígena Kayapó (Pará), na floresta amazônica, em setembro de 2024 - Marizilda Cruppe/Greenpeace Brasil/Divulgação

A Amazônia enfrenta um cenário alarmante, com um novo estudo revelando que, mesmo após 20 anos, as interações de frugivoria na região permanecem simplificadas. A pesquisa, conduzida pela bióloga Liana Chesini Rossi, do Instituto de Biociências da Unesp, mostra que a frequência de queimadas e a extração de madeira impactaram negativamente a biodiversidade, resultando em um empobrecimento funcional das florestas tropicais.

O estudo, publicado na revista Oikos, é pioneiro ao avaliar os efeitos de longo prazo do fogo sobre as interações ecológicas na Amazônia. Rossi destaca que a pesquisa envolveu mais de 1.500 horas de observações e 30 mil horas de monitoramento por armadilhas fotográficas, revelando uma redução média de 16% nas espécies de frugívoros e um declínio de 66% nas interações de frugivoria nas áreas impactadas.

As florestas intactas apresentaram um número significativamente maior de espécies e interações em comparação com aquelas que foram exploradas ou queimadas. O estudo identificou 4.670 interações de frugivoria, envolvendo 991 associações únicas entre 165 espécies de plantas e 174 espécies frugívoras, com aves desempenhando um papel crucial nesse processo.

Além da perda de biodiversidade, a pesquisa aponta que a ausência de frugívoros compromete a dispersão de sementes, afetando a regeneração das florestas. Rossi observa que, embora o número total de interações possa parecer semelhante, a identidade das espécies envolvidas e a forma como interagem estão mudando, o que pode ter consequências graves para o funcionamento ecológico da região.

O estudo também sugere que as florestas podem estar se tornando mais vulneráveis a novos distúrbios, reforçando a preocupação com o conceito de ponto de não retorno, onde a capacidade da floresta de se regenerar é comprometida. A combinação de desmatamento e mudanças climáticas pode levar a um ciclo de autodestruição, afetando não apenas a Amazônia, mas também o clima global.

Diante desse cenário, é fundamental que a sociedade civil se mobilize para apoiar iniciativas que visem a preservação da Amazônia. Projetos que promovam a recuperação e a proteção das florestas são essenciais para garantir a continuidade desse bioma vital e suas interações ecológicas. Nossa união pode fazer a diferença na luta pela preservação da biodiversidade e na mitigação dos impactos das mudanças climáticas.

Folha de São Paulo
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