Educação

Estímulo elétrico no cérebro pode melhorar desempenho em matemática, aponta estudo internacional

Estudo revela que estimulação elétrica leve no cérebro pode aumentar em até 29% o desempenho em matemática de alunos com dificuldades, promovendo maior igualdade intelectual. Pesquisadores alertam para questões éticas sobre o acesso à tecnologia.

Atualizado em
July 2, 2025
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Números escritos por professor em lousa em escola da zona leste de São Paulo durante aula de matemática - Lalo de Almeida - 28.nov.2018/Folhapress

Um estudo recente indica que a estimulação elétrica leve no cérebro pode melhorar o desempenho em matemática, especialmente em alunos com dificuldades. A pesquisa, realizada por uma equipe internacional de cientistas e publicada na revista PLOS Biology, sugere que essa técnica pode aumentar a conectividade neuronal, resultando em ganhos de até 29% nas pontuações dos participantes.

O neurocientista da Universidade de Surrey, Roi Kadosh, que liderou a pesquisa, destacou a importância de considerar tanto fatores ambientais quanto biológicos no aprendizado. Ele afirmou que, embora o ambiente escolar e a qualidade do ensino sejam cruciais, a biologia individual também desempenha um papel significativo.

Para conduzir o estudo, os pesquisadores recrutaram setenta e dois alunos da Universidade de Oxford e escanearam seus cérebros para avaliar a conectividade entre três regiões-chave. Os participantes resolveram problemas matemáticos que exigiam tanto cálculos quanto memorização de soluções. Os resultados mostraram que conexões mais fortes entre o córtex pré-frontal dorsolateral e o córtex parietal posterior estavam associadas a um melhor desempenho.

Durante a pesquisa, foi aplicada uma técnica indolor de estimulação cerebral, conhecida como estimulação transcraniana por ruído aleatório. Os alunos com baixo desempenho apresentaram um aumento nas pontuações de 25% a 29% após a estimulação. Os pesquisadores acreditam que essa técnica potencializa a excitabilidade dos neurônios e interage com o ácido gama-aminobutírico (GABA), que inibe a atividade excessiva do cérebro.

Os resultados foram encorajadores, pois os alunos com dificuldades conseguiram alcançar pontuações semelhantes às de seus colegas com conexões cerebrais mais fortes. No entanto, aqueles que já apresentavam bom desempenho não obtiveram benefícios significativos com a estimulação. Kadosh enfatizou que ajudar o cérebro a atingir seu potencial máximo pode abrir novas oportunidades para estudantes que enfrentam desafios no aprendizado.

Apesar dos avanços, Kadosh expressou preocupações éticas sobre o acesso desigual a essas tecnologias, que podem beneficiar apenas aqueles com recursos financeiros. A pesquisa pode ser um passo importante para ajudar alunos com dificuldades de aprendizado a alcançar seus objetivos, e a sociedade civil pode desempenhar um papel fundamental em apoiar iniciativas que promovam a equidade no acesso a essas inovações.

Folha de São Paulo
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