Saúde e Ciência

Falta de fumarato de dimetila no SUS gera preocupação entre pacientes com esclerose múltipla em todo o Brasil

Pacientes com esclerose múltipla enfrentam desabastecimento do fumarato de dimetila, essencial para o tratamento. O Ministério da Saúde promete novas entregas, mas muitos estados ainda carecem do medicamento.

Atualizado em
May 30, 2025
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Juliana Teixeira, 41, recebeu o diagnóstico de esclerose múltipla há 12 anos e está sem conseguir retirar o fumarato de dimetila na rede pública desde o início de abril - Danilo Verpa/Folhapress

O fumarato de dimetila, medicamento de alto custo utilizado no tratamento da esclerose múltipla remitente recorrente, enfrenta desabastecimento em diversas regiões do Brasil. Desde abril, pacientes relatam dificuldades para obter o remédio, que é disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2019. O Ministério da Saúde anunciou o envio de novas unidades, mas muitos estados ainda não possuem estoque suficiente.

O custo do fumarato de dimetila varia entre R$ 1.200 e R$ 9.000, dependendo do fornecedor e da dosagem. Ana Paula Morais da Silva, presidente da Associação de Pessoas com Esclerose Múltipla (Apemigos), enfatiza que o medicamento é crucial para a estabilização da doença. Sem ele, os pacientes correm o risco de novos surtos, que podem resultar em lesões permanentes.

Juliana Teixeira, diagnosticada há doze anos, está sem o tratamento desde o início de abril. Ela relata que o fumarato de dimetila melhorou sua qualidade de vida, evitando surtos. No entanto, a falta do medicamento a preocupa, pois pode afetar sua capacidade de trabalhar e cuidar da filha. A situação é semelhante em outros estados, onde a falta do remédio é generalizada.

O Ministério da Saúde informou que a distribuição do medicamento é centralizada e que a falta se deve a dificuldades de aquisição junto ao fabricante. Enquanto isso, alternativas como betainterferona e teriflunomida estão disponíveis, mas nem todos os pacientes podem utilizá-las. O neurologista Guilherme Sciascia do Olival alerta que a interrupção do tratamento pode levar a surtos graves, com consequências sérias para a saúde dos pacientes.

Em resposta à crise, alguns pacientes têm recorrido a doações de medicamentos que estavam disponíveis anteriormente. Renata Tietböhl Friedl, diagnosticada em 2020, conseguiu uma caixa do remédio por meio de seu médico, mas teme pela continuidade do tratamento. A falta de informações sobre a previsão de reposição do medicamento aumenta a ansiedade entre os pacientes.

Nesta situação crítica, a união da sociedade pode fazer a diferença. Projetos que visem apoiar pacientes em tratamento de esclerose múltipla são essenciais para garantir que todos tenham acesso ao tratamento necessário. A mobilização em torno dessa causa pode ajudar a minimizar os impactos do desabastecimento e promover a saúde e o bem-estar de muitos brasileiros.

Folha de São Paulo
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