Terceiro Setor

Favelas de São Paulo abrigam 1,7 milhão de pessoas e enfrentam desafios de infraestrutura e saneamento

Censo de 2022 revela que 19% das favelas de São Paulo não têm esgoto adequado, afetando 386 mil pessoas. Apesar de avanços no abastecimento de água, a qualidade e a infraestrutura ainda são desafiadoras.

Atualizado em
April 27, 2025
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Foto: Reprodução

As favelas de São Paulo, que ocupam cerca de 4% da área da capital, abrigam aproximadamente 1,7 milhão de pessoas, representando 15% da população municipal. A densidade demográfica nessas áreas é alarmante, com uma média de 35 mil habitantes por quilômetro quadrado, cinco vezes maior do que a média do restante da cidade. O Censo de 2022 revelou que 19% das favelas não têm acesso a esgoto adequado, afetando 386 mil pessoas, um número superior à população de Barueri, na Grande São Paulo.

Embora o acesso à água tenha avançado, a qualidade e a quantidade ainda são problemáticas. O sistema de esgoto é o principal desafio, com apenas 81% das favelas tendo uma rede adequada. Em algumas áreas, os resíduos são despejados em rios e córregos, enquanto outras dependem de fossas rudimentares. A pesquisadora Luciana Ferrara, do Centro de Estudos da Favela, destaca que a evolução do saneamento não acompanhou o aumento do acesso à água, em parte devido à descontinuidade de programas federais.

O abastecimento de água é quase universal, com 97% das residências conectadas à rede geral. No entanto, cinco favelas ainda não têm acesso à água encanada. Ferrara ressalta que, mesmo com a infraestrutura, muitos moradores enfrentam dificuldades, como a falta de pressão na rede e a impossibilidade de pagar tarifas. Em 70% das favelas, 100% das casas têm banheiro exclusivo, mas ainda existem 103 favelas sem sanitários, impactando a vida de 353 pessoas.

A demografia das favelas paulistanas é predominantemente jovem, com a faixa etária de 20 a 24 anos representando 39% da população. A alfabetização média é de 93%, mas há áreas, como o Conjunto Parque Novo Mundo, onde 20% da população é analfabeta. A população é majoritariamente parda, com 52%, seguida por brancos (33%) e pretos (14%). Em 80% das favelas, as mulheres são a maioria.

O governo municipal, por meio da Secretaria de Governo, anunciou um novo contrato com a Sabesp, que visa a universalização dos serviços de saneamento básico até 2029, incluindo áreas informais e rurais. Apesar dos desafios, a situação das favelas é complexa e exige atenção contínua. A urbanização e a melhoria das condições de vida são fundamentais para garantir dignidade e saúde aos moradores.

Em um cenário onde a infraestrutura básica é precária, a união da sociedade civil pode fazer a diferença. Projetos que visem a melhoria do saneamento e do abastecimento de água nas favelas são essenciais para transformar a realidade de milhares de pessoas. A mobilização em torno dessas causas pode trazer esperança e mudança significativa para as comunidades mais vulneráveis.

Folha de São Paulo
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