Saúde e Ciência

Ferramentas de machine learning preveem risco de hospitalização em pacientes com diabetes no Brasil

Pesquisadores da UFRGS revelaram que algoritmos de machine learning podem prever hospitalizações em pacientes diabéticos, destacando a combinação de XGBoost e Instance Hardness Threshold como a mais eficaz. Essa abordagem pode otimizar recursos e melhorar o cuidado ambulatorial.

Atualizado em
June 13, 2025
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Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) descobriram que ferramentas de machine learning podem prever hospitalizações em pacientes diabéticos. O estudo, publicado em abril nos Archives of Endocrinology and Metabolism, analisou prontuários eletrônicos de seiscentos e dezessete pacientes atendidos em uma unidade de endocrinologia de um hospital público entre janeiro de dois mil e quinze e dezembro de dois mil e dezessete. Desses, cento e cinco (17,02%) foram hospitalizados ao menos uma vez durante o período de dois anos.

A pesquisa utilizou inteligência artificial para avaliar os dados e testou diversos algoritmos de machine learning. A combinação de XGBoost e Instance Hardness Threshold se destacou, apresentando uma sensibilidade de 0,93 na identificação de eventos de hospitalização. O médico endocrinologista Mateus Reis, um dos autores do estudo, ressaltou que essa combinação também demonstrou menor desvio padrão, indicando maior estabilidade e capacidade de generalização dos resultados.

O estudo identificou fatores que aumentam o risco de hospitalização entre os pacientes, como maior número de consultas ambulatoriais, variações na taxa de filtração glomerular estimada (eGFR) e idade, especialmente em jovens com menos de 24 anos e em pacientes entre 65 e 70 anos. Mateus Reis explicou que pacientes com frequentes consultas tendem a ter quadros clínicos mais complexos, enquanto a variação na eGFR pode sinalizar deterioração da função renal, elevando o risco de complicações.

Para o especialista, a identificação precoce de pacientes em risco pode permitir intervenções antes da hospitalização, otimizando recursos e melhorando o prognóstico. Ele acredita que essa abordagem pode reduzir internações evitáveis, diminuindo custos diretos e indiretos, além de melhorar os desfechos clínicos. No entanto, a implementação desses modelos enfrenta desafios, como custos de desenvolvimento e a necessidade de integração com sistemas de prontuários eletrônicos.

O coordenador do Departamento de Saúde Digital da Sociedade Brasileira de Diabetes, Márcio Krakauer, comentou que o estudo reforça conhecimentos já estabelecidos sobre fatores de risco em pacientes diabéticos. Ele destacou que a análise de dados por meio de aprendizado de máquina pode identificar pacientes com maior risco de hospitalização, permitindo um acompanhamento mais intensivo para aqueles que necessitam.

Essa pesquisa mostra como a tecnologia pode ser uma aliada na gestão da saúde. A união da sociedade civil pode ser fundamental para apoiar iniciativas que visem a melhoria do cuidado ambulatorial e a prevenção de internações desnecessárias. Projetos que busquem fortalecer essa abordagem são essenciais para garantir um futuro mais saudável para todos.

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