Impacto Social

Festa Literária Internacional de Paraty destaca luto e superação em mesa com Neige Sinno e Anabela Mota Ribeiro

No segundo dia da Flip 2025, Neige Sinno e Anabela Mota Ribeiro discutiram luto e violência sexual, apresentando suas obras e abordagens únicas sobre esses temas impactantes. Sinno, com "Triste tigre", e Ribeiro, com "O quarto do bebê", exploraram experiências profundas e reflexões sobre dor e superação.

Atualizado em
July 31, 2025
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Anabela Mota Ribeiro (esq) e Neige Sinno na mesa Tristes Tramas, que cativou o público no segundo dia da Flip 2025 — Foto: Alexandre Cassiano/ Agência O GLOBO

No segundo dia da 23ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip 2025), dois depoimentos impactantes abordaram temas como luto e violência sexual. A mesa "Tristes tramas", mediada por Rita Palmeira, contou com a presença da autora francesa Neige Sinno e da jornalista portuguesa Anabela Mota Ribeiro, atraindo um público significativo na Tenda dos Autores, o principal espaço do evento. Neige apresentou seu livro "Triste tigre" (Amarcord), que narra os abusos que sofreu entre os sete e treze anos, enquanto Anabela lançou "O quarto do bebê" (Bazar do Tempo), um romance que reflete sobre seu diagnóstico de câncer de mama em 2019.

Neige Sinno enfatizou que não desejava que seu livro fosse um relato convencional sobre estupro. "Se fosse apenas um relato onde eu contasse minha infância, minha adolescência, o processo contra o meu padrasto e a sua condenação, seria outro livro", afirmou. A autora buscou uma abordagem única que permitisse ao leitor entender o que se passa em sua mente ao refletir sobre as violências sexuais contra crianças. Sua escrita, marcada pela raiva, desafia a ideia de que a literatura deve ser uma forma de salvação.

Por outro lado, Anabela Mota Ribeiro compartilhou como sua experiência de adoecimento e o confinamento durante a pandemia transformaram sua visão de mundo. "A expressão que mais uso para descrever esse momento é de um tremor de terra", disse. A autora revelou que, inicialmente, teve dificuldade em encontrar palavras para expressar suas vivências. Foi a sugestão de seu marido que a levou a escrever, um gesto que se tornou um processo catártico, embora o romance em si tenha surgido posteriormente, após uma reflexão mais profunda.

Neige Sinno, aplaudida pelo público, destacou que sua obra não busca a superação. "Eu não estou salva. E, de certa forma, não quero estar salva", declarou. Sua voz, carregada de emoção, reflete uma recusa em se conformar com os clichês frequentemente associados a vítimas de violência sexual. Em contraste, Anabela reconheceu que a escrita lhe proporcionou uma dimensão de cura, ainda que incompleta. "Não sei se a psicanálise me salvou. Não sei se a palavra me salvou", ponderou.

As experiências de ambas as autoras revelam diferentes formas de lidar com traumas e desafios. Enquanto Neige opta por uma abordagem mais direta e confrontadora, Anabela busca na escrita um espaço de reflexão e autoconhecimento. Ambas as perspectivas enriquecem o debate sobre temas tão delicados e necessários, mostrando a importância da literatura como um meio de expressão e transformação.

Essas narrativas poderosas nos lembram da necessidade de apoio a projetos que promovam a conscientização e a recuperação de vítimas de violência. A união da sociedade civil pode fazer a diferença, incentivando iniciativas que ajudem a dar voz a quem precisa e a promover a cura e a reflexão sobre esses temas tão relevantes.

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