Meio Ambiente

Governo federal e ambientalistas se enfrentam por acordo que permite presença indígena em reserva biológica

ICMBio e Funai firmaram acordo permitindo a presença da comunidade Guarani Mbya na Reserva Biológica Bom Jesus, gerando protestos de 68 entidades e 48 personalidades contra a flexibilização de proteções ambientais.

Atualizado em
April 10, 2025
Clock Icon
3
min
A Reserva Biológica Bom Jesus fica entre as cidades paranaenses Antonina, Guaraqueçaba e Paranaguá — Foto: Divulgação/Gabriel Marchi

A assinatura de um Termo de Compromisso entre o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e a Fundação Nacional do Índio (Funai) gerou polêmica ao permitir a presença da comunidade Guarani Mbya na Reserva Biológica Bom Jesus, no Paraná. O acordo, oficializado em fevereiro, estabelece regras para a convivência dos indígenas em uma área onde atividades humanas são geralmente proibidas. A medida visa resolver conflitos e insegurança jurídica, mas enfrenta forte oposição de ambientalistas.

Um manifesto assinado por sessenta e oito entidades e quarenta e oito personalidades, incluindo ambientalistas, critica o acordo, alegando que ele flexibiliza as proteções ambientais e cria precedentes perigosos. Os signatários questionam a legalidade da presença indígena na reserva, afirmando que os Guarani Mbya se mudaram para a área apenas dois meses antes da criação da reserva, em junho de 2012.

O ICMBio defende que a presença indígena é uma realidade há mais de doze anos e que o Termo de Compromisso estabelece limites para o uso dos recursos naturais, garantindo a conservação da biodiversidade. A reserva, que abrange seis mil setecentos e dezessete hectares, permitirá que a comunidade indígena utilize dezenove hectares para moradia e atividades agrícolas, enquanto o restante será destinado a um uso mais disperso.

Fabio Feldman, ex-deputado federal e um dos signatários do manifesto, expressou preocupação com a possibilidade de que atividades proibidas em Reservas Biológicas comprometam a preservação ambiental. Ele ressaltou que Terras Indígenas e áreas de conservação são categorias distintas, e a sobreposição entre elas pode prejudicar a conservação.

O ICMBio, por sua vez, afirmou que respeita o debate democrático e está aberto ao diálogo com as entidades que assinaram o manifesto. O instituto também destacou que a caça de animais silvestres, permitida pelo Termo de Compromisso, será rigorosamente monitorada e que não há indícios de impacto ambiental significativo na fauna da reserva desde a ocupação indígena.

As discussões sobre a presença indígena em áreas de conservação não se limitam à Reserva Biológica Bom Jesus. Há propostas semelhantes em outras áreas, como o Parque Nacional Iguaçu. Em situações como essa, a união da sociedade civil pode ser fundamental para apoiar iniciativas que promovam a conservação ambiental e os direitos dos povos indígenas, garantindo que ambos os interesses sejam respeitados.

Leia mais

Aumento abusivo nos preços de hospedagem em Belém gera preocupações para a COP30 e seus participantes
Meio Ambiente
Clock Icon
3
min
Aumento abusivo nos preços de hospedagem em Belém gera preocupações para a COP30 e seus participantes
News Card

A COP30 em Belém enfrenta uma crise de hospedagem, com preços subindo até 900%, o que pode excluir vozes essenciais do debate climático e impactar a imagem do Brasil. A situação levanta preocupações sobre práticas abusivas no mercado.

Festival Filmambiente homenageia Mário Moscatelli e debate colonialismo ambiental com 47 filmes gratuitos
Meio Ambiente
Clock Icon
3
min
Festival Filmambiente homenageia Mário Moscatelli e debate colonialismo ambiental com 47 filmes gratuitos
News Card

Mário Moscatelli será homenageado na 14ª edição do Filmambiente, que ocorrerá de 27 de agosto a 5 de setembro, no Estação NetRio, em Botafogo, com a exibição gratuita de 47 filmes de 25 países. O festival abordará o Colonialismo Ambiental, destacando a luta pela preservação cultural e ambiental. A mostra paralela Visions Du Réel, apoiada pela Embaixada da Suíça, também será apresentada, trazendo um importante acervo de documentários.

Desmatamento da Mata Atlântica cai 14% em 2024, mas ainda atinge 71 mil hectares de florestas
Meio Ambiente
Clock Icon
4
min
Desmatamento da Mata Atlântica cai 14% em 2024, mas ainda atinge 71 mil hectares de florestas
News Card

A degradação da Mata Atlântica caiu 14% em 2024, mas ainda assim 71.109 hectares foram desmatados, com eventos mais concentrados e maiores. O impacto ambiental continua alarmante, especialmente em áreas críticas.

"Queimadas devastam 30 milhões de hectares no Brasil em 2024, com recordes na Amazônia e Mata Atlântica"
Meio Ambiente
Clock Icon
4
min
"Queimadas devastam 30 milhões de hectares no Brasil em 2024, com recordes na Amazônia e Mata Atlântica"
News Card

Em 2024, o Brasil registrou queimadas em 30 milhões de hectares, com a Amazônia sendo a mais afetada, totalizando 15,6 milhões de hectares queimados, um aumento alarmante de 117% em relação à média histórica. O Relatório Anual do Fogo (RAF) do MapBiomas revela que a degradação florestal, impulsionada por ações humanas e secas severas, pode levar à savanização da região.

Capacitação no SISBia prepara empresas e servidores para gestão de dados de biodiversidade ambiental
Meio Ambiente
Clock Icon
3
min
Capacitação no SISBia prepara empresas e servidores para gestão de dados de biodiversidade ambiental
News Card

Empresas participaram da 4ª Jornada de Inserção de Dados no SISBia, promovida pelo Ibama, visando capacitar para a gestão de dados de biodiversidade no Licenciamento Ambiental Federal. A próxima jornada ocorrerá em setembro.

Arroz se destaca como a cultura mais resiliente às mudanças climáticas, aponta estudo inovador
Meio Ambiente
Clock Icon
3
min
Arroz se destaca como a cultura mais resiliente às mudanças climáticas, aponta estudo inovador
News Card

Uma nova pesquisa revela que o arroz pode ser a cultura menos afetada pelas mudanças climáticas, com uma queda projetada de apenas 1% nos rendimentos até 2100, enquanto outras culturas enfrentam perdas de até 22%. O estudo destaca a adaptabilidade do arroz e o aumento da renda na Ásia como fatores que podem mitigar os impactos negativos.