Impacto Social

Microtrabalho digital: a luta de mulheres brasileiras por renda em meio à precarização e desigualdade

Cresce o microtrabalho no Brasil, com mulheres representando 63% dos trabalhadores. Flávia e Juliana enfrentam jornadas exaustivas e precariedade, sem regulamentação, perpetuando desigualdades.

Atualizado em
June 8, 2025
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Flávia assiste, curte, comenta e compartilha vídeos no Kwai ao longo de 14 horas por dia para complementar a renda do mês — Foto: Acervo Pessoal via BBC

O microtrabalho tem se expandido no Brasil, especialmente entre mulheres, que representam sessenta e três por cento dos trabalhadores nesse setor. Flávia e Juliana são exemplos de microtrabalhadoras que enfrentam jornadas longas e precárias, refletindo a falta de regulamentação e a exploração nas plataformas digitais. Flávia, mãe solo de três filhos, trabalha cerca de quatorze horas diárias em plataformas como PiniOn e Kwai, acumulando uma renda média de R$ 700,00 por mês, insuficiente para sustentar sua família.

Juliana, desempregada há seis meses, encontrou no microtrabalho uma forma de complementar a renda familiar. Ela realiza tarefas simples, como curtir postagens em redes sociais, em troca de uma remuneração que não cobre suas despesas básicas. Ambas as mulheres enfrentam a pressão de equilibrar as responsabilidades do lar com as exigências do trabalho digital, o que tem gerado impactos negativos em sua saúde física e mental.

Um estudo do Laboratório de Trabalho, Plataformização e Saúde (LATRAPS) revela que a informalidade no Brasil, que atinge quarenta por cento da população, impulsiona a busca por microtrabalho. Dentre as mulheres que se dedicam a essas atividades, setenta e três por cento estão desempregadas e muitas enfrentam dificuldades para encontrar empregos formais, mesmo possuindo formação superior.

As plataformas digitais, como Kwai e PiniOn, afirmam que os usuários participam voluntariamente e que as atividades não devem ser a principal fonte de renda. No entanto, a realidade mostra que muitas mulheres dependem exclusivamente dessas tarefas para sobreviver. A falta de regulamentação e a precariedade do microtrabalho perpetuam desigualdades, com as mulheres ocupando funções mal remuneradas e repetitivas.

Além disso, a ausência de mulheres em cargos de prestígio nas grandes empresas de tecnologia reflete uma hierarquia de gênero que se reproduz no ambiente digital. A pesquisadora Luiza Corrêa de Magalhães Dutra destaca que, em vez de promover a igualdade, o mercado digital muitas vezes aprofunda as desigualdades existentes, colocando as mulheres em posições vulneráveis.

Com a crescente precarização do trabalho, é fundamental que a sociedade civil se mobilize para apoiar iniciativas que promovam melhores condições para os microtrabalhadores. A união em torno de projetos sociais pode ser uma forma eficaz de transformar a realidade de mulheres como Flávia e Juliana, que lutam diariamente por dignidade e segurança financeira.

Globo.com
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