Saúde e Ciência

Pesquisadores brasileiros e franceses se unem para desenvolver nova imunoterapia contra linfoma óculo-cerebral

Pesquisadores da FMRP-USP e do Instituto Curie iniciarão em 2024 um estudo clínico sobre células CAR-T para linfoma óculo-cerebral, visando transferir tecnologia ao SUS. A colaboração busca desenvolver tratamentos mais acessíveis e eficazes.

Atualizado em
June 23, 2025
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As células CAR-T (à esquerda) são linfócitos T modificados em laboratório para reconhecer e destruir as células do câncer (imagem: CTC-USP/divulgação)

Pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) e do Instituto Curie, da Universidade de Ciências e Letras de Paris (PSL), iniciarão um estudo clínico em 2024 para avaliar a eficácia de células CAR-T em pacientes com linfoma óculo-cerebral. Este projeto visa a transferência de tecnologia entre as instituições, permitindo a produção de células T geneticamente modificadas para tratar esse tipo raro de câncer que afeta o sistema nervoso central.

Durante a FAPESP Week França, realizada em junho em Toulouse, o professor da FMRP-USP, Diego Clé, destacou que a colaboração permitirá que os pesquisadores franceses tragam para o Brasil versões aprimoradas das células CAR-T. O objetivo é ajudar nas fases finais do desenvolvimento e na realização do estudo clínico, com a intenção de licenciar a tecnologia para o Sistema Único de Saúde (SUS).

A terapia CAR-T, que começou a ser desenvolvida em 2017 nos Estados Unidos, envolve a modificação genética de linfócitos T dos próprios pacientes para que estes possam identificar e eliminar células tumorais. Desde 2019, a FMRP-USP, em parceria com o Instituto Butantan, tem avançado na produção dessa terapia celular no Brasil, culminando na criação do Nutera, a primeira fábrica de produtos celulares da América Latina.

Os pesquisadores afirmam que a produção nacional de células CAR-T pode reduzir os custos, que atualmente variam entre R$ 2,5 milhões e R$ 3 milhões, para um terço desse valor. Clé enfatizou a importância de tornar essa terapia acessível ao SUS, permitindo que mais pacientes tenham acesso a tratamentos inovadores.

Atualmente, as células CAR-T produzidas no Nutera são direcionadas ao tratamento de leucemia linfoide aguda e linfoma não-Hodgkin. Contudo, a plataforma tecnológica desenvolvida permite a criação de células CAR-T para outros tipos de câncer e doenças autoimunes, como a nefrite lúpica. Os pesquisadores planejam iniciar os ensaios clínicos em breve, com a expectativa de recrutar trinta pacientes diagnosticados com linfoma óculo-cerebral.

A França, pioneira na terapia CAR-T, já tratou mais de cinco mil pacientes com essa imunoterapia, enquanto o Brasil ainda conta com menos de cem. A colaboração entre os pesquisadores brasileiros e franceses é um passo importante para mudar essa realidade. A união da sociedade civil pode ser fundamental para apoiar iniciativas que visam a pesquisa e o desenvolvimento de tratamentos inovadores, beneficiando aqueles que mais precisam.

Agência FAPESP
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