Meio Ambiente

Polarização no licenciamento ambiental no Brasil impede diálogo e soluções para desafios históricos

Marcello Brito, secretário do Consórcio da Amazônia Legal, critica a polarização no debate sobre o licenciamento ambiental, que impede soluções eficazes. O projeto de Lei Geral será votado na Câmara, após mudanças no Senado.

Atualizado em
July 11, 2025
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Marcello Brito, secretário executivo do Consórcio Amazônia Legal: "Nosso licenciamento ambiental é antigo, atrasado e precisava ser redesenhado com urgência" (Divulgação)

A polarização no debate sobre o licenciamento ambiental no Brasil tem dificultado o diálogo e a busca por soluções eficazes para um problema complexo. Marcello Brito, secretário executivo do Consórcio da Amazônia Legal, destacou essa questão em uma entrevista, enfatizando que a falta de comunicação entre os lados opostos do debate impede avanços significativos. Ele criticou a maneira como o projeto de Lei Geral do Licenciamento Ambiental é rotulado, afirmando que isso transforma o debate em um embate sem espaço para conversas construtivas.

Recentemente, a Câmara dos Deputados decidiu que o projeto de Lei Geral do Licenciamento Ambiental será votado na próxima semana. O texto, que já passou pelo Senado, busca simplificar e unificar os procedimentos para a obtenção de licenças ambientais no Brasil. Brito observa que, apesar de ser uma proposta antiga, o PL nº 2.159/2021 continua a gerar intensos debates entre ambientalistas e representantes do setor produtivo, refletindo a polarização existente.

Os defensores da proposta argumentam que ela é essencial para destravar o desenvolvimento no país, enquanto críticos alertam sobre os riscos de flexibilização das regras de proteção ambiental. Brito reconhece que o licenciamento ambiental brasileiro é antiquado e precisa de reformas urgentes, mas critica a forma como o debate tem sido conduzido ao longo das décadas, sem propostas concretas de transformação.

Ele também mencionou a teoria da ferradura, que sugere que os extremos opostos do debate acabam se encontrando em alguns pontos. Essa dinâmica, segundo Brito, prejudica a qualidade das políticas públicas e a capacidade de encontrar soluções viáveis. Apesar das dificuldades, ele acredita que o Brasil pode se destacar na transição para uma agricultura regenerativa e de baixo carbono, desafiando a visão de que o país está atrasado nesse aspecto.

Brito criticou o que chamou de "complexo de vira-lata" brasileiro, que impede o reconhecimento das soluções verdes e do potencial do setor agrícola. Ele defende a necessidade de estabelecer prazos realistas para a transição do agronegócio, argumentando que mudanças abruptas podem ser prejudiciais. O executivo também abordou a regulamentação do mercado de carbono, ressaltando que a agricultura não está incluída nas metodologias atuais, que não se adaptam à realidade das florestas tropicais brasileiras.

Em um momento em que o Brasil se prepara para sediar a COP30, Brito vê a polarização como um obstáculo para a liderança nas discussões climáticas globais. A união em torno de propostas que promovam o diálogo e a colaboração pode ser fundamental para enfrentar os desafios ambientais. Projetos que busquem apoiar iniciativas sustentáveis e a preservação do meio ambiente são essenciais para garantir um futuro mais equilibrado e justo para todos.

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