Meio Ambiente

Unidades de conservação devem ser preservadas sem ocupação humana, defende artigo sobre biodiversidade

ICMBio autorizou a comunidade Guarani Mbya a ocupar a Reserva Biológica Bom Jesus, gerando polêmica sobre a proteção das áreas de conservação integral e os direitos indígenas. A ocupação pode comprometer a biodiversidade.

Atualizado em
July 25, 2025
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Povoado indígena em APA (área de proteção ambiental) localizada em Manaus (AM) - Bruno Santos - 24.nov.2017/Folhapress

Recentemente, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) autorizou a comunidade Guarani Mbya a ocupar a Reserva Biológica Bom Jesus, o que gerou polêmica sobre a proteção das áreas de conservação integral. O debate sobre a ocupação de unidades de conservação por grupos indígenas levanta questões sobre a coexistência entre a proteção ambiental e os direitos dos povos originários, ambos garantidos pela Constituição brasileira.

Um artigo publicado na Folha de S.Paulo argumenta que práticas extrativistas dos povos indígenas são essenciais para a preservação ambiental. No entanto, a ocupação permanente de unidades de conservação de proteção integral não é compatível com os objetivos de preservação. As unidades de conservação devem ser mantidas livres de intervenções humanas diretas para garantir a integridade dos ecossistemas.

Estudos demonstram que a presença contínua de humanos, mesmo com práticas tradicionais, pode levar à simplificação ecológica e à redução da biodiversidade. Por exemplo, na Amazônia, apenas 227 das cerca de 16 mil espécies de árvores são responsáveis por metade dos indivíduos, resultado de uma "filtragem humana" que simplificou a floresta ao longo do tempo.

As unidades de conservação de proteção integral, como parques nacionais e reservas biológicas, têm como objetivo preservar processos naturais sem a interferência humana. O modelo de gestão de parques, como o Parque Nacional de Yellowstone, é um exemplo de como a presença humana deve ser restrita a atividades de turismo responsável, respeitando regras rigorosas.

A recente decisão do ICMBio de permitir a ocupação da Reserva Biológica Bom Jesus por indígenas é vista como uma inversão de prioridades, onde a proteção das áreas naturais é sacrificada em prol de interesses individuais. A preservação de áreas intocadas é fundamental, não apenas para a conservação da biodiversidade, mas também como um compromisso ético com as futuras gerações.

Em tempos de crise ambiental, é essencial que a sociedade brasileira compreenda a importância das unidades de conservação de proteção integral. A defesa dessas áreas deve ser uma prioridade, e iniciativas que promovam a preservação e a recuperação da biodiversidade precisam ser apoiadas. A união da sociedade civil pode fazer a diferença na proteção do nosso patrimônio natural e cultural.

Folha de São Paulo
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