Impacto Social

Academia Brasileira de Literatura de Cordel preserva e promove a rica tradição da literatura popular no Brasil

A Academia Brasileira de Literatura de Cordel, em Santa Teresa, Rio de Janeiro, preserva a rica tradição da literatura de cordel, com um acervo de 150 mil folhetos e 12 mil títulos. Fundada em 1988 por Gonçalo Ferreira da Silva, a instituição enfrenta preconceitos e promove a cultura, realizando atividades mensais e apoiando cordeltecas pelo Brasil.

Atualizado em
June 26, 2025
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Folhetos de cordel do acervo da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, em Santa Teresa, no centro do Rio - Giovana Kebian - 02.maio.2025/Folhapress

No bairro de Santa Teresa, no centro do Rio de Janeiro, a Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC) se destaca como um espaço cultural pouco conhecido, mas de grande importância. Com um acervo de cerca de 150 mil folhetos e 12 mil títulos de autores de todo o Brasil, a academia resgata e preserva a rica tradição da literatura de cordel, que abrange temas variados como história, ciência e filosofia, além das famosas pelejas, competições poéticas entre cordelistas.

A história da ABLC remonta ao Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, em São Cristóvão, onde, no século passado, Gonçalo Ferreira da Silva, um dos principais nomes da literatura de cordel, começou a vender suas obras. Ele chegou ao Rio de Janeiro na década de 1950 e, junto com sua esposa, Maria do Livramento Lima da Silva, conhecida como "Madrinha Mena", dedicou-se à venda de cordéis na Feira de São Cristóvão, que era a principal fonte de renda da família.

Na década de 1980, Gonçalo começou a articular a criação da ABLC, acreditando que mesmo poetas semi-analfabetos poderiam estudar e usar o português correto. A academia foi fundada em 1988, mas a sede em Santa Teresa foi inaugurada apenas em 1993, após a doação do espaço pelo general Humberto Pelegrino, um apreciador do gênero. Essa doação foi um marco para os cordelistas, que agora tinham um local fixo para se reunir e promover suas obras.

Atualmente, a ABLC realiza plenárias mensais e edita títulos de autores de todo o país, além de alimentar as cordeltecas, bibliotecas especializadas na literatura de cordel. Um levantamento em andamento já mapeou 22 cordeltecas no Brasil, a maioria na região Nordeste. O presidente da ABLC, Almir Gusmão, acredita que o número real pode ser ainda maior, refletindo a expansão e o fortalecimento da literatura de cordel no país.

As cordeltecas desempenham um papel fundamental na preservação da tradição oral e na promoção da literatura de cordel, que agora é reconhecida como patrimônio cultural brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico e Nacional (Iphan). Apesar do reconhecimento, ainda persiste o preconceito em relação a essa forma de arte, que é vista como uma importante ferramenta de educação e cultura nas escolas.

Em um momento em que a literatura de cordel se expande e se adapta às novas gerações, é essencial que a sociedade civil se una para apoiar iniciativas que promovam essa rica tradição. O fortalecimento de projetos culturais como a ABLC pode garantir que a literatura de cordel continue a inspirar e educar, passando adiante os saberes e a cultura que fazem parte da identidade brasileira.

Folha de São Paulo
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