A Amazônia enfrenta estresse hídrico crescente, com 63% da região afetada em 2015, impactando a ciclagem da água e a mortalidade de árvores, conforme estudos do Cemaden e do Inpe. A pesquisa destaca que florestas com lençol freático raso resistem melhor às secas.
A Amazônia tem enfrentado um aumento significativo na duração da estação seca e no estresse hídrico nas últimas décadas. Esse fenômeno, aliado a extremos de temperatura, como as ondas de calor de 2020, e práticas como desmatamento e uso de fogo, tem comprometido a capacidade das árvores de realizar a ciclagem da água e armazenar carbono. Pesquisadores do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e do Laboratório de Sistemas Tropicais e Ciências Ambientais (Trees) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apresentaram essas constatações em uma mesa-redonda na 77ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
A pesquisadora Liana Anderson, do Cemaden, destacou que mais da metade da floresta amazônica tem enfrentado estresse hídrico nos últimos anos. Entre cinquenta por cento e sessenta por cento das chuvas na região são provenientes da água evaporada do oceano, que é capturada pela floresta e devolvida à atmosfera através da evapotranspiração. Contudo, a redução das chuvas e o aumento da temperatura observados nas últimas quatro décadas podem prejudicar essa ciclagem hídrica.
Além disso, o aumento da temperatura do ar intensifica as demandas metabólicas das árvores, resultando em maiores perdas de carbono. A fotossíntese também é afetada negativamente, com o aumento da fotorrespiração e danos estruturais nas folhas. Anderson alertou que a mortalidade de árvores, especialmente aquelas com raízes mais profundas que captam água do solo, pode alterar a estrutura da floresta e impactar o ciclo hidrológico.
Um estudo em andamento revelou que sessenta e três por cento da Amazônia passou por estresse hídrico em 2015, com esse número oscilando para cinquenta e um por cento em 2016 e aumentando novamente para sessenta e um por cento em 2023. As bordas da Amazônia foram as áreas mais afetadas. Outro estudo indicou que florestas submetidas a um déficit hídrico significativo em 2005 perderam cem toneladas de carbono por hectare, o que pode ser agravado pelo aumento da temperatura.
Luiz Aragão, pesquisador do Inpe, ressaltou que a fragmentação da floresta aumenta sua vulnerabilidade ao fogo. Em paisagens mais contínuas, a área queimada permanece baixa em anos normais, enquanto em áreas fragmentadas, os incêndios se tornam mais frequentes. Pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) identificaram que florestas com lençol freático raso têm resistido melhor às secas, ao contrário das que possuem lençol profundo, que apresentaram maior mortalidade.
Esses estudos evidenciam a importância de compreender as dinâmicas da Amazônia para o futuro do bioma. A união da sociedade civil pode ser crucial para apoiar iniciativas que visem a preservação e recuperação da floresta, garantindo que a Amazônia continue a desempenhar seu papel vital na ciclagem da água e no armazenamento de carbono.
Em 2023, o desmatamento no Brasil caiu 32,4%, mas o Cerrado ainda enfrenta desafios, com 652.197 hectares perdidos, exigindo políticas de fiscalização e engajamento contínuos.
O cerrado brasileiro registrou uma queda de 20% nos alertas de desmatamento, enquanto a Amazônia teve a segunda menor área destruída desde 2015, apesar de um leve aumento. Dados do Deter mostram avanços na proteção ambiental.
O Observatório do Clima critica a nova lei de licenciamento ambiental, apontando a Licença Ambiental Especial (LAE) como inconstitucional e preocupações com a tramitação acelerada de projetos de alto impacto. A medida, que já está em vigor, pode facilitar a exploração de recursos naturais e aumentar riscos de corrupção.
A Biofábrica de Corais, em Porto de Galinhas, salvou 20% das colônias de corais após uma onda de branqueamento global, recebendo reconhecimento da Unesco como projeto exemplar na Década do Oceano.
O escritório Gávea, liderado pelos arquitetos Alziro Carvalho Neto e Felipe Rio Branco, projetou cabanas autônomas em Areal, RJ, para retiros espirituais, priorizando sustentabilidade e uso de materiais locais. As construções, com 26 m², utilizam técnicas ecológicas e oferecem conforto, promovendo a conexão com a natureza.
Relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM) indica que entre 2025 e 2029, a temperatura global pode ultrapassar 1,5 °C, aumentando os riscos climáticos. A previsão é alarmante, com 80% de chance de 2024 ser o ano mais quente já registrado.