Meio Ambiente

Microalgas revelam transformações climáticas na Mata Atlântica há 500 mil anos na bacia de Colônia

A bióloga Gisele Marquardt, da UFPR, revelou transformações climáticas na bacia de Colônia, SP, por meio de diatomáceas, destacando a complexidade das respostas ambientais ao longo de 500 mil anos.

Atualizado em
May 12, 2025
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Pesquisas recentes destacam a relevância das diatomáceas como bioindicadores em estudos paleoambientais. A bióloga Gisele Marquardt, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), identificou transformações ambientais na bacia de Colônia, em São Paulo, utilizando esses organismos microscópicos. Sua investigação revelou padrões climáticos complexos e uma diversidade de espécies nunca antes descritas, contribuindo para a compreensão do clima da Mata Atlântica durante o Pleistoceno Médio.

As diatomáceas são microalgas unicelulares que possuem uma parede celular rígida de sílica, o que garante sua preservação em sedimentos por milhares de anos. Elas habitam ambientes aquáticos e sua presença indica características específicas do ecossistema, como tipo de água e profundidade. Marquardt analisou sedimentos da bacia de Colônia, uma cratera geológica de aproximadamente 3,6 quilômetros de diâmetro, considerada um dos mais importantes sítios paleoclimáticos tropicais do mundo.

A análise dos sedimentos revelou um padrão climático recorrente: durante os períodos glaciais, com temperaturas mais baixas, houve maior umidade e expansão de corpos d'água, resultando em alagamentos. Em contrapartida, os períodos interglaciais, associados ao aumento das temperaturas, mostraram climas mais secos e retração hídrica. Marquardt destacou que a transformação do lago em turfeira ocorreu em fases distintas, começando pela borda e avançando para o centro.

Além das variações climáticas, a transição para turfeira foi influenciada por fatores locais, como geologia e cobertura vegetal. Isso sugere que ecossistemas tropicais respondem de maneira diferenciada às mudanças climáticas. Os dados coletados, que datam de 500 mil anos atrás, revelam um processo mais complexo do que se imaginava, indicando que as transformações ambientais são influenciadas por fatores locais, além das mudanças climáticas globais.

A coleta das diatomáceas foi realizada com um sistema de martelamento manual, permitindo a extração de amostras de sedimentos a diferentes profundidades. Os pesquisadores contaram mais de 400 valvas em cada lâmina analisada, identificando espécies planctônicas e bentônicas. A presença de diatomáceas planctônicas sugere um lago ativo, enquanto as bentônicas indicam ambientes rasos ou em transição para turfeira, revelando fases secas ou vegetação densa.

O estudo de Marquardt, publicado na revista científica Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology, foi comparado a registros do lago Titicaca, mostrando respostas climáticas semelhantes, mas com diferenças nas espécies de diatomáceas. Essa pesquisa ressalta a importância de monitorar ecossistemas em tempos de mudanças climáticas, pois a preservação desses ambientes é crucial. A união da sociedade pode ser fundamental para apoiar iniciativas que visem a conservação e o manejo adequado de áreas úmidas.

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