Impacto Social

Ana Maria Gonçalves se candidata à Academia Brasileira de Letras e pode fazer história como a primeira mulher negra a ocupar uma cadeira

Ana Maria Gonçalves se inscreveu para a vaga na Academia Brasileira de Letras, podendo se tornar a primeira mulher negra a ocupar uma cadeira na instituição. Sua candidatura é vista como favorita após a tentativa frustrada de Conceição Evaristo.

Atualizado em
May 27, 2025
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A escritora Ana Maria Goncalves no espaço da exposição 'Um Defeito de Cor', que foi exibida no Sesc Pinheiros, em São Paulo - Eduardo Knapp/Folhapress

A escritora Ana Maria Gonçalves, autora do renomado romance Um Defeito de Cor, anunciou sua candidatura à vaga na Academia Brasileira de Letras (ABL) deixada pela morte do linguista Evanildo Bechara, ocorrida na última quinta-feira. Gonçalves foi a primeira a se inscrever após a sessão de saudade de Bechara, que aconteceu às 16h desta terça-feira. Se eleita, ela se tornará a primeira mulher negra a ocupar uma cadeira na ABL, uma conquista significativa para a diversidade na instituição.

A escritora, que atualmente reside no Rio de Janeiro, é considerada favorita para a vaga, especialmente após a tentativa frustrada de Conceição Evaristo, que há sete anos não obteve apoio suficiente para ser eleita. Na ocasião, Evaristo recebeu apenas um voto contra 22 do cineasta Cacá Diegues, que foi o escolhido. A trajetória de Gonçalves é marcada por um reconhecimento crescente, o que a coloca em uma posição distinta em relação a outras candidatas negras que se apresentaram anteriormente.

A ABL tem sido alvo de críticas pela sua falta de representatividade racial e de gênero. Atualmente, os únicos acadêmicos negros na instituição são o compositor Gilberto Gil e o escritor Domício Proença Filho. Ailton Krenak foi o primeiro indígena a ingressar na ABL, no ano passado. A recente eleição da jornalista Míriam Leitão, em abril, foi um marco, pois ela se tornou apenas a 12ª mulher a integrar a Academia em mais de 120 anos de história.

O impacto de Um Defeito de Cor na literatura brasileira é inegável. O romance, que retrata a vida de Kehinde, inspirado na trajetória de Luiza Mahin, foi recentemente reconhecido como um dos melhores livros brasileiros do século XXI pela Folha de S.Paulo. A obra não apenas influenciou escritores, mas também inspirou outras manifestações artísticas, como uma exposição e um samba-enredo da escola de samba Portela para o desfile de 2024.

A candidatura de Gonçalves representa uma oportunidade de mudança na ABL, que historicamente tem sido dominada por vozes brancas e masculinas. A presença de uma mulher negra na Academia pode abrir portas para uma maior diversidade e inclusão, refletindo a pluralidade da literatura e da sociedade brasileira. A expectativa é que sua eleição possa inspirar novas vozes e narrativas que ainda não têm espaço nas instituições culturais do país.

Neste contexto, é fundamental que a sociedade civil se mobilize para apoiar iniciativas que promovam a diversidade e a inclusão. Projetos que visam fortalecer a representatividade cultural e social podem ser impulsionados por ações coletivas, mostrando que a união em torno de causas justas pode transformar realidades e abrir caminhos para novas histórias e perspectivas.

Folha de São Paulo
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