Impacto Social

Apenas 19,7% das unidades de saúde oferecem inserção de DIU, revelando desafios na contracepção no SUS

O Ministério da Saúde anunciou um aumento de 55% na inserção de DIUs na atenção primária, passando de 52 mil em 2022 para 80,3 mil em 2024, visando melhorar o acesso a métodos contraceptivos. A falta de capacitação e resistência cultural ainda dificultam a adesão ao método.

Atualizado em
June 23, 2025
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Atendimento na UBS Nair Nunes da Silva, no Jardim Reimberg, na zona sul de São Paulo - Jardiel Carvalho - 24.abr.2025/Folhapress

A inserção de dispositivos intrauterinos (DIUs) nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) do Brasil é alarmantemente baixa, com apenas 19,7% das UBSs realizando esse procedimento, conforme um censo nacional do Ministério da Saúde. O estudo, que abrangeu cerca de 50 mil estabelecimentos de saúde da Atenção Primária à Saúde (APS) no Sistema Único de Saúde (SUS), também revelou que 60,4% das unidades necessitam de reformas e que apenas 21% possuem salas para coleta de exames laboratoriais.

O Ministério da Saúde anunciou um aumento significativo de 55% na inserção de DIUs na atenção primária, passando de 52 mil em 2022 para 80,3 mil em 2024. Para isso, o ministério está promovendo a capacitação de mais profissionais, incluindo médicos e enfermeiros, especialmente em regiões remotas. No entanto, a falta de treinamento e a insegurança dos profissionais em realizar o procedimento ainda são barreiras importantes.

O médico de família Gustavo Gusso destacou que o programa Mais Médicos não oferece formação adequada para a inserção de DIUs, o que contribui para a baixa taxa de procedimentos. Fabiano Guimarães, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina e Comunidade, reforçou que a falta de treinamento é um dos principais entraves, embora o procedimento não seja complexo. A enfermeira Carmem Silvia Guariente acrescentou que muitos profissionais têm receio de complicações, mesmo sabendo que o procedimento é simples.

Além das questões de capacitação, existem fatores culturais que influenciam a escolha das mulheres pelo uso de pílulas anticoncepcionais em vez do DIU. A médica Fátima Marinho, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), apontou que preconceitos e desinformação sobre o DIU geram insegurança nas mulheres, resultando em uma demanda reduzida por esse método contraceptivo.

Dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS/IBGE) de 2019 indicam que apenas 4% das mulheres em idade reprodutiva utilizam o DIU, enquanto a pílula anticoncepcional é a mais comum, com 38% de adesão. O DIU, que pode permanecer no corpo por até dez anos, é uma opção eficaz e não hormonal, mas ainda enfrenta resistência devido à falta de informações e ao medo de complicações.

O Ministério da Saúde está trabalhando para ampliar o acesso a métodos contraceptivos, incluindo o DIU, e já destina R$ 2,8 bilhões por ano às equipes de saúde da família que realizam o procedimento. A união da sociedade civil é fundamental para promover a conscientização e a educação sobre saúde reprodutiva, ajudando a desmistificar o uso do DIU e a garantir que mais mulheres tenham acesso a esse método contraceptivo seguro e eficaz.

Folha de São Paulo
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