Impacto Social

Aumento de assassinatos de indígenas marca terceiro ano consecutivo de violência no Brasil em 2024

Em 2024, o Brasil registrou o maior número de assassinatos de indígenas desde 2021, com 211 mortes, enquanto a nova lei do marco temporal gera insegurança e conflitos. O relatório do Cimi destaca a fragilidade dos direitos territoriais.

Atualizado em
July 28, 2025
Clock Icon
4
min
Protesto de indígenas contra o marco temporal, em Brasília - Pedro Ladeira - 23.abr.24/Folhapress

O número de indígenas assassinados no Brasil aumentou em 2024 pelo terceiro ano consecutivo, atingindo o maior índice desde 2021. O relatório anual de violência do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) revela que, enquanto os assassinatos subiram de 208 em 2023 para 211 em 2024, as invasões a terras indígenas diminuíram, passando de 276 para 230. O aumento das mortes está relacionado à nova lei do marco temporal, que fragiliza os direitos territoriais dos povos originários, gerando insegurança e conflitos em diversas regiões do país.

Os estados com os maiores números de assassinatos permanecem os mesmos: Roraima, com 57 casos; Amazonas, com 45; e Mato Grosso do Sul, com 33. A Bahia também se destaca, com 23 assassinatos. O relatório aponta um crescimento nos casos de violência contra a pessoa, que totalizaram 424 registros em 2024, em comparação com 411 em 2023. As categorias de violência incluem abuso de poder, ameaças de morte e racismo, evidenciando a gravidade da situação enfrentada pelos povos indígenas.

A nova lei do marco temporal impacta diretamente a demarcação de terras, afetando pelo menos 304 processos. A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) destacou que a falta de clareza nas novas regras torna os procedimentos mais lentos e, em alguns casos, inviáveis. A lei exige que os afetados sejam notificados antes da estimativa dos limites das terras, complicando ainda mais o processo de demarcação.

O relatório do Cimi também revela um aumento na omissão e morosidade na regularização de terras, que subiu de 850 em 2023 para 857 em 2024. A tese do marco temporal, que considera a ocupação indígena apenas a partir de 1988, é defendida por setores do agronegócio, mas é contestada por antropólogos e defensores dos direitos indígenas, que argumentam que a Constituição reconhece a posse das terras pelos povos originários desde antes do Estado.

O Supremo Tribunal Federal (STF) já havia derrubado a tese do marco temporal, mas o Congresso Nacional aprovou uma lei que a instituiu, criando novos procedimentos que enfraquecem a proteção aos indígenas. O ministro Gilmar Mendes, do STF, iniciou um processo de conciliação sobre o tema, mas ainda não há uma decisão final. Enquanto isso, as demarcações avançam lentamente, e as terras indígenas enfrentam invasões e pressões de grileiros e outros invasores.

A situação dos povos indígenas é agravada por crises climáticas, como secas e incêndios, que aumentam a vulnerabilidade das comunidades. Os números de assassinatos e suicídios permanecem altos, refletindo a necessidade urgente de apoio. Em momentos como este, a união da sociedade civil pode ser fundamental para ajudar as comunidades indígenas a enfrentar esses desafios e promover a preservação de suas culturas e direitos.

Folha de São Paulo
Quero ajudar

Leia mais

Bárbara Reis interpreta Ruth de Souza em peça que celebra a amizade entre grandes atrizes brasileiras
Impacto Social
Clock Icon
3
min
Bárbara Reis interpreta Ruth de Souza em peça que celebra a amizade entre grandes atrizes brasileiras
News Card

Bárbara Reis será Ruth de Souza na peça "Ruth & Léa", que estreia em 7 de outubro no Teatro Glaucio Gil, sob a direção de Luiz Antônio Pilar, celebrando a amizade entre duas ícones do teatro brasileiro. A atriz expressa sua empolgação e o desafio de interpretar uma figura tão contida.

Superior Tribunal de Justiça aprova alteração de gênero para neutro em registro civil por unanimidade
Impacto Social
Clock Icon
3
min
Superior Tribunal de Justiça aprova alteração de gênero para neutro em registro civil por unanimidade
News Card

A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça decidiu, por unanimidade, permitir a alteração do gênero para neutro em registro civil, destacando a autoidentificação e o direito à felicidade. A relatora, ministra Nancy Andrighi, enfatizou a importância de ouvir a demanda da pessoa envolvida, que, após transição de gênero, percebeu que não se sentia bem. A decisão reforça a segurança que a autoidentificação proporciona, alinhando-se a precedentes do Supremo Tribunal Federal sobre direitos individuais.

Taguatinga se destaca como berço esportivo com o projeto Filadélfia Basquete, transformando vidas e realidades
Impacto Social
Clock Icon
3
min
Taguatinga se destaca como berço esportivo com o projeto Filadélfia Basquete, transformando vidas e realidades
News Card

O projeto Filadélfia Basquete, fundado por Fabrício Faria, se destaca em Taguatinga ao promover inclusão social e expandir suas atividades para outras regiões, alcançando status semiprofissional. A iniciativa visa oferecer oportunidades a jovens de áreas menos favorecidas, com competições em todo o Brasil.

Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador discute avanços e novas diretrizes para políticas públicas
Impacto Social
Clock Icon
3
min
Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador discute avanços e novas diretrizes para políticas públicas
News Card

A 5ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, em Brasília, discute mais de mil propostas e habilita 17 novos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador, além de atualizar a lista de doenças relacionadas ao trabalho.

Alfa Bar promove ciclo formativo sobre práticas antirracistas com Marcelle Oliver em agosto
Impacto Social
Clock Icon
3
min
Alfa Bar promove ciclo formativo sobre práticas antirracistas com Marcelle Oliver em agosto
News Card

O Al Farabi, conhecido como Alfa Bar, promove em agosto o ciclo formativo “Inserindo práticas antirracistas no cotidiano” com a educadora Marcelle Oliver, visando fortalecer a cultura antirracista. O evento incluirá encontros para a equipe e o público, além de cartazes educativos. A iniciativa busca transformar o espaço em um ponto de referência no combate ao racismo, promovendo diálogos sobre igualdade racial e valorização da negritude. As inscrições são gratuitas e limitadas.

Iniciativas inovadoras fortalecem apicultura e meliponicultura no semiárido brasileiro com apoio do MIDR
Impacto Social
Clock Icon
3
min
Iniciativas inovadoras fortalecem apicultura e meliponicultura no semiárido brasileiro com apoio do MIDR
News Card

O Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) apoia a apicultura no semiárido, destacando startups como a BeeWeb e empreendimentos cearenses que promovem produtos sustentáveis. Essas iniciativas visam modernizar a produção de mel, aumentar a renda de pequenos produtores e fortalecer a Rota do Mel, beneficiando 370 municípios e contribuindo para a preservação ambiental.