Saúde e Ciência

Aumento de escorpionismo no Brasil gera alerta de 'epidemia silenciosa' entre cientistas e autoridades de saúde

Cientistas alertam para uma "epidemia silenciosa" de escorpionismo no Brasil, com aumento de mais de 150% em casos na última década, exigindo campanhas de conscientização e ampliação da produção de soro antiveneno.

Atualizado em
May 8, 2025
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Fêmea de escorpião-amarelo carregando filhotes nas costas — Foto: Eliane C. Arantes/USP

O Brasil enfrenta um aumento alarmante no número de ataques de escorpiões, com mais de 180 mil casos registrados no último ano, o que representa um crescimento superior a 150% na última década. Cientistas alertam que esse fenômeno é uma "epidemia silenciosa", com 133 mortes confirmadas por escorpionismo em 2024. A urbanização desordenada e as mudanças climáticas são apontadas como fatores que favorecem a proliferação desses aracnídeos, exigindo ações urgentes para mitigar os riscos à saúde pública.

Pesquisadores de diversas regiões do Brasil publicaram um artigo na revista Frontiers in Public Health, destacando que a urbanização mal planejada e as condições climáticas estão criando ambientes propícios para a disseminação dos escorpiões. A taxa de incidentes já representa uma pressão significativa sobre o Sistema Único de Saúde (SUS), que é responsável pelo atendimento a esses casos de emergência, que estão em ascensão.

Os cientistas, liderados pela pesquisadora Eliane Arantes da Universidade de São Paulo (USP), enfatizam que os números oficiais subestimam a realidade do escorpionismo. Eles afirmam que a taxa de mortalidade, embora baixa em termos relativos, se torna preocupante em números absolutos devido ao aumento dos incidentes. A urbanização rápida, especialmente em áreas com infraestrutura precária, cria condições ideais para a proliferação de escorpiões, que encontram abrigo em escombros e sistemas de esgoto.

A espécie mais preocupante é o escorpião-amarelo (Tityus serrulatus), que se adapta facilmente à urbanização. Sua reprodução ocorre por partenogênese, permitindo que a fêmea se reproduza sem a presença de machos. Além disso, essa espécie pode sobreviver longos períodos sem alimento, o que contribui para sua disseminação. A professora Manuella Pucca, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), ressalta que muitos acreditam que escorpiões são um problema maior em áreas rurais, mas eles também se proliferam em ambientes urbanos.

As informações sobre os hábitos dos escorpiões e as medidas de prevenção ainda são pouco divulgadas. Embora o Ministério da Saúde tenha produzido materiais educativos, a distribuição é limitada. A pesquisadora Pucca recomenda o uso de lanternas de luz ultravioleta para identificar escorpiões, que brilham sob essa luz. Em caso de envenenamento, é crucial buscar atendimento médico, pois o soro antiveneno é geralmente reservado para casos mais graves.

Se a tendência de aumento de casos continuar, os pesquisadores estimam que o Brasil pode registrar mais de 25 mil casos de escorpionismo em dez anos. É essencial que haja um planejamento de longo prazo em saúde pública, incluindo a ampliação da produção de soro antiveneno. A conscientização sobre os riscos e a notificação de casos são fundamentais para desenvolver estratégias eficazes de controle. Nessa situação, nossa união pode ajudar a promover campanhas que visem a proteção da saúde pública e a prevenção de incidentes com escorpiões.

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