Saúde e Ciência

Banco de cérebros da USP revela novos insights sobre demência e a importância da educação na prevenção

Pesquisadores do Banco de Cérebros da USP revelam depósitos de proteínas do Alzheimer em cérebros de pessoas na faixa dos 30 anos, destacando a necessidade de prevenção precoce da demência. A descoberta, que desafia a visão tradicional sobre a idade de início da doença, reforça a importância da educação e do controle de fatores de risco como hipertensão e diabetes.

Atualizado em
August 6, 2025
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Biomédica faz processamento de cérebros doados para posterior análise no biobanco da FMUSP Foto: Taba Benedicto/ Estadão

O Banco de Cérebros da Universidade de São Paulo (USP), criado em dois mil e quatro, é um importante acervo que já contribuiu significativamente para a compreensão das causas e características da demência no Brasil. Com mais de cinco mil cérebros armazenados, todos doados por famílias de pessoas que faleceram de causas naturais, o biobanco se destaca como o maior do tipo na América Latina. Recentemente, pesquisadores descobriram depósitos de proteínas beta-amiloide e tau, associadas à doença de Alzheimer, em cérebros de indivíduos na faixa dos trinta anos.

A diretora do Banco de Cérebros, Claudia Suemoto, enfatiza que esses achados indicam que a neuropatologia pode começar muito antes do surgimento dos sintomas clássicos da demência, que geralmente aparecem após os setenta anos. Essa descoberta reforça a necessidade de uma abordagem preventiva em relação à saúde cerebral, sugerindo que a preocupação com a demência deve começar na juventude.

Além disso, a pesquisa revelou que a baixa escolaridade é o principal fator de risco para a demência no Brasil, afetando a população desde a infância. Claudia destaca que, mesmo um nível de escolaridade baixo pode oferecer alguma proteção contra a condição, o que é encorajador para aqueles que têm acesso limitado à educação. A média de escolaridade dos doadores no biobanco é de apenas quatro anos, com vinte por cento de analfabetos.

Os pesquisadores também notaram que, enquanto o Alzheimer é a principal causa de demência em países ricos, no Brasil, ele representa cerca de cinquenta por cento dos casos, com uma maior prevalência de demência vascular, que é responsável por aproximadamente trinta e cinco por cento dos casos no acervo. Essa condição é prevenível, pois está diretamente ligada a fatores como hipertensão, diabetes e obesidade.

O biobanco da USP se diferencia por incluir cérebros de pessoas de todas as idades, permitindo a análise de sinais de demência antes do aparecimento dos sintomas. A pesquisa também se estende a indivíduos com mais de noventa anos, buscando entender por que alguns chegam a essa idade sem comprometimento cognitivo, enquanto outros apresentam demência avançada.

Essas descobertas são cruciais para a saúde pública, pois ajudam a moldar estratégias de prevenção e tratamento. A união da sociedade civil pode ser fundamental para apoiar iniciativas que promovam a educação e a saúde, contribuindo para um futuro onde a demência seja menos prevalente e melhor compreendida.

Estadão
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