Impacto Social

Brasil enfrenta contradição entre recordes de produção agrícola e insegurança alimentar persistente

A insegurança alimentar no Brasil caiu de 33 milhões em 2022 para 8 milhões em 2023, impulsionada por políticas sociais como o relançamento do Bolsa Família e aumento de recursos para assistência. A situação ainda revela contradições, com milhões sem acesso a alimentos frescos, destacando a necessidade de repensar o modelo produtivo e fortalecer a agricultura familiar.

Atualizado em
April 29, 2025
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Brasil é um grande produtor de alimentos, mas convive com a insegurança alimentar

O Brasil, apesar de ser um dos maiores produtores e exportadores de grãos do mundo, ainda enfrenta sérios problemas de segurança alimentar. Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) indicam que, entre 2021 e 2023, aproximadamente 8,4 milhões de brasileiros passaram fome, o que corresponde a 3,9% da população. Essa situação paradoxal persiste, mesmo com a produção agrícola voltada em grande parte para exportação, o que levanta preocupações sobre o abastecimento interno.

Recentemente, a insegurança alimentar grave no Brasil teve uma queda significativa, passando de 33 milhões de pessoas em 2022 para 8 milhões em 2023. Essa redução é atribuída a políticas públicas, como o relançamento do Bolsa Família, que agora oferece benefícios adicionais por criança nas famílias, e ao aumento de recursos para programas de assistência, como a merenda escolar e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).

Especialistas apontam que a crise de 2014 a 2016 e a pandemia agravaram a situação, levando a um aumento da fome. O ex-diretor-geral da FAO-ONU, José Graziano, destaca que políticas macroeconômicas, como a valorização do salário mínimo e incentivos à agricultura familiar, foram fundamentais para a redução da fome no passado. Contudo, a falta de recursos e a deterioração do poder de compra dos mais pobres continuam a ser desafios significativos.

Além disso, a produção agrícola brasileira tem se concentrado em commodities como soja e milho, que são majoritariamente destinadas ao mercado externo. Isso levanta questões sobre a capacidade do Brasil de garantir a segurança alimentar interna. A presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Elisabetta Recine, defende um reequilíbrio na produção, com investimentos em alimentos básicos, como arroz e feijão, que são essenciais para a dieta da população.

Embora o Brasil tenha uma vasta produção agrícola, muitas regiões ainda enfrentam a falta de alimentos frescos, criando os chamados "desertos alimentares". Em torno de 25 milhões de brasileiros vivem nessas áreas, onde o acesso a frutas e verduras é limitado. A falta de uma alimentação saudável está diretamente relacionada ao aumento de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, especialmente entre os mais pobres.

O governo federal tem a meta de erradicar a fome até 2026, com estratégias que incluem a ampliação do Cadastro Único (CadÚnico) para incluir mais pessoas em risco de insegurança alimentar. Essa mobilização é crucial para garantir que as políticas públicas alcancem aqueles que mais precisam. Nessa situação, nossa união pode ajudar os menos favorecidos a ter acesso a alimentos saudáveis e a uma vida digna.

Globo.com
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