Meio Ambiente

Conferência da ONU sobre os Oceanos avança na proteção marinha, mas deixa lacunas em mineração e combustíveis fósseis

A terceira Conferência da ONU sobre os Oceanos (UNOC3) em Nice resultou em 19 novas ratificações do Tratado do Alto-Mar, totalizando 50 países, mas não avançou em mineração em águas profundas. Apesar do progresso na proteção dos oceanos, a falta de ações concretas em temas críticos gerou frustração entre ambientalistas. A expectativa é que a COP30, em novembro, aborde essas questões.

Atualizado em
June 14, 2025
Clock Icon
4
min
Porto Lympia recebe a terceira Conferência da ONU sobre os Oceanos, em Nice, França — Foto: Ludovic MARIN / POOL / AFP

A terceira Conferência da ONU sobre os Oceanos (UNOC3) foi concluída na última sexta-feira, em Nice, França, com avanços significativos para a implementação do Tratado do Alto-Mar, embora tenha deixado a desejar em questões cruciais como mineração em águas profundas e combustíveis fósseis. O tratado, assinado em 2023, visa estabelecer uma estrutura legal para a criação de Áreas Marinhas Protegidas (AMPs) em águas internacionais, essencial para o objetivo global de proteger 30% dos oceanos até 2030.

Durante a conferência, dezenove novos países ratificaram o tratado, elevando o total para cinquenta, restando apenas dez para atingir a meta de sessenta necessárias para sua promulgação. Além disso, vinte países se tornaram signatários, totalizando cento e trinta e seis. O presidente da França, Emmanuel Macron, expressou otimismo sobre futuras ratificações, incluindo a do Brasil, conforme prometido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Apesar do progresso na ratificação, a UNOC3 não conseguiu avançar em questões críticas, especialmente em relação à mineração em águas profundas. Líderes globais, incluindo Macron e o secretário-geral da ONU, António Guterres, criticaram a possibilidade de exploração do fundo do mar, ressaltando que as águas profundas "não estão à venda". No entanto, apenas cinco novos países aderiram à proposta de moratória, totalizando trinta e sete dos cento e sessenta e nove membros da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA).

A vice-presidente-adjunta da ONG Oceana, Vera Coelho, avaliou a conferência como positiva, mas destacou que muitos países ainda estão longe de cumprir a meta de proteção de seus mares. Ela alertou que algumas áreas "protegidas" ainda permitem atividades destrutivas, como a pesca de arrasto. Além disso, a falta de menção explícita aos combustíveis fósseis na declaração final gerou críticas, com ambientalistas pedindo ações concretas para a transição energética.

O oceanógrafo Henrique Kefalás ressaltou que os impasses da UNOC3 agora recaem sobre a Conferência das Partes da ONU sobre Mudança do Clima (COP30), que ocorrerá em novembro em Belém, Pará. Ele enfatizou a necessidade de compromissos ambiciosos que integrem a proteção dos oceanos na agenda climática e de justiça social global. A saúde dos oceanos deve ser uma prioridade, e os avanços dependem de maior compromisso político e financiamento contínuo.

Entre os pontos positivos, a conferência resultou em uma declaração de apoio ao tratado global sobre plásticos, assinada por noventa e cinco países, visando reduzir a produção e descarte de plásticos. O Brasil, no entanto, não assinou o "Apelo de Nice". A professora Ana Flávia Barros-Platiau destacou que a França fez importantes compromissos, mas agora é fundamental que a sociedade civil se mobilize para garantir que essas promessas se concretizem em ações efetivas.

Leia mais

Uiraçu é filmado pela primeira vez no Parque Nacional do Iguaçu, revelando a presença da espécie rara na região
Meio Ambiente
Clock Icon
3
min
Uiraçu é filmado pela primeira vez no Parque Nacional do Iguaçu, revelando a presença da espécie rara na região
News Card

Registro inédito do uiraçu no Parque Nacional do Iguaçu confirma a presença da espécie, considerada ameaçada de extinção, após quase 60 anos sem avistamentos no Paraná. A filmagem sugere a existência de mais indivíduos na região.

Distrito Federal investe em energia limpa e plantio de árvores para promover sustentabilidade até 2026
Meio Ambiente
Clock Icon
4
min
Distrito Federal investe em energia limpa e plantio de árvores para promover sustentabilidade até 2026
News Card

Governador Ibaneis Rocha anunciou investimentos em energia limpa e plantio de seis milhões de árvores até 2026 no Distrito Federal.

Nadadores e voluntários se unem em mutirão de limpeza na Praia de Copacabana para combater resíduos marinhos
Meio Ambiente
Clock Icon
3
min
Nadadores e voluntários se unem em mutirão de limpeza na Praia de Copacabana para combater resíduos marinhos
News Card

Mutirão de limpeza na Praia de Copacabana, promovido pela campanha Duplo Impacto, alerta sobre poluição. Neste sábado (26), a partir das 7h30, nadadores e voluntários se reunirão na Praia de Copacabana para um mutirão de limpeza, organizado pela campanha Duplo Impacto, da ACT Promoção da Saúde e Vital Strategies. O evento visa conscientizar sobre os danos ambientais causados por indústrias de cigarros, bebidas alcoólicas e alimentos ultraprocessados. As atividades incluem a coleta de resíduos no mar e na faixa de areia, além de uma exposição de fotos e um café da manhã coletivo na tenda da Equipe 15, até às 10h30. A ação conta com o apoio da Secretaria Municipal da Saúde e do grupo Rap da Saúde.

Tartaruga-de-couro desova em Jacaraípe em período atípico e gera atenção de pesquisadores e autoridades
Meio Ambiente
Clock Icon
3
min
Tartaruga-de-couro desova em Jacaraípe em período atípico e gera atenção de pesquisadores e autoridades
News Card

Uma tartaruga-de-couro foi vista desovando na Praia de Jacaraípe, na Serra, em um período atípico. O Ipram coletou material genético e isolou a área para proteger o animal. A fêmea, que mede cerca de 1,5 metro, é a terceira a ser registrada na praia, mas a primeira a desovar. O biólogo Alexsandro Santos destaca que a desova fora da época habitual não indica problemas de saúde.

Brasil perde 111,7 milhões de hectares de áreas naturais em 39 anos, com impacto alarmante na vegetação nativa
Meio Ambiente
Clock Icon
3
min
Brasil perde 111,7 milhões de hectares de áreas naturais em 39 anos, com impacto alarmante na vegetação nativa
News Card

O Brasil perdeu 111,7 milhões de hectares de áreas naturais entre 1985 e 2024, reduzindo a vegetação nativa de 80% para 65%, com a agropecuária como principal responsável. O MapBiomas alerta para a urgência de políticas que equilibrem produção agrícola e preservação ambiental.

Ressaca histórica atinge o litoral do Rio e mobiliza 120 garis em operação de limpeza recorde
Meio Ambiente
Clock Icon
3
min
Ressaca histórica atinge o litoral do Rio e mobiliza 120 garis em operação de limpeza recorde
News Card

Uma forte ressaca no litoral do Rio de Janeiro, com ondas de até 3,5 metros, mobilizou 120 garis e resultou em um recorde de 52 viagens de caminhões para retirada de areia, respeitando diretrizes ambientais. A operação da Comlurb, iniciada após a invasão da pista da Avenida Delfim Moreira, garantiu a devolução do material à praia, preservando o ecossistema local. Este evento foi considerado a maior ressaca na região nos últimos cinco anos.