Impacto Social

Cotas nas universidades brasileiras transformam o debate sobre raça e inclusão social em duas décadas de impacto

A revisão da Lei de Cotas em 2023 ampliou o acesso de estudantes quilombolas e priorizou cotistas vulneráveis, refletindo mudanças significativas na inclusão no ensino superior. A presença de grupos historicamente excluídos aumentou, com desempenho similar ao de não cotistas, embora a discriminação persista.

Atualizado em
July 13, 2025
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Luiz Campos e Márcia Lima no lançamento do livro "O Impacto das Cotas". Imagem: Milena Nascimento

A política de cotas nas universidades brasileiras, implementada no início dos anos 2000, transformou o debate sobre raça e desigualdade no país. Segundo os sociólogos Luiz Augusto Campos e Márcia Lima, organizadores do livro "O Impacto das Cotas", essa mudança ajudou a romper com o tabu que cercava o racismo, permitindo uma discussão mais aberta sobre preconceito e discriminação. A presença de pretos, pardos e indígenas no ensino superior público aumentou de 31,5% em 2001 para 52,4% em 2021, refletindo uma mudança significativa no perfil socioeconômico das universidades.

Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) mostram que a participação de estudantes das classes C, D e E também cresceu, passando de 19,3% para 50% no mesmo período. Em 2016, os 20% mais ricos ocupavam cerca de 35% das vagas, enquanto os 60% mais pobres triplicaram sua presença. Essa evolução é vista como uma forma de mitigar a desigualdade histórica que beneficiava uma elite branca em detrimento da maioria da população.

A revisão da Lei de Cotas em 2023 trouxe avanços significativos, incluindo a inclusão de estudantes quilombolas e a priorização de auxílio para cotistas vulneráveis. A nova legislação também alterou a forma de ingresso, permitindo que cotistas concorram primeiro às vagas da ampla concorrência. Dados da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) indicam que o desempenho e as taxas de evasão dos cotistas são semelhantes aos dos não cotistas, desafiando a crítica de que a inclusão prejudicaria a qualidade do ensino.

Apesar dos avanços, a discriminação contra estudantes cotistas persiste, variando conforme a instituição e a região. Campos e Lima destacam que a universidade deve se adaptar para receber esses alunos, promovendo um ambiente inclusivo e acolhedor. A resistência de alguns docentes em relação às políticas de ações afirmativas ainda é um desafio a ser enfrentado nas instituições de ensino superior.

O Consórcio de Acompanhamento das Ações Afirmativas (CAA) foi criado em 2021 para avaliar a lei e coletar dados sobre as ações afirmativas. Essa iniciativa foi fundamental para garantir a continuidade da política, especialmente em um contexto de incertezas políticas. A revisão da lei, realizada em 2023, é vista como uma oportunidade para tornar a política de cotas mais inclusiva e eficaz.

As mudanças promovidas pela Lei de Cotas têm o potencial de impactar positivamente a sociedade, aproximando saberes ancestrais da ciência tradicional. A inclusão de grupos historicamente excluídos enriquece a produção de conhecimento e amplia a diversidade nas pesquisas. Nessa situação, nossa união pode ajudar a fortalecer iniciativas que promovam a inclusão e a equidade nas universidades, garantindo que todos tenham acesso a uma educação de qualidade.

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