Meio Ambiente

Desastres climáticos já custaram R$ 730 bilhões ao Brasil; Maria Netto destaca a urgência de adaptação e resiliência

Desastres climáticos custaram ao Brasil mais de R$ 730 bilhões em 12 anos, segundo Maria Netto, do Instituto Clima e Sociedade. Ela defende que o agronegócio deve ser parte da solução climática e destaca a urgência de financiamento para adaptação.

Atualizado em
July 18, 2025
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Maria Netto, diretora do Instituto Clima e Sociedade: "Quando falamos de minerais críticos essenciais para a transição energética, Trump já disse que quer a Groenlândia" (Divulgação)

Nos últimos doze anos, os desastres climáticos causaram prejuízos superiores a R$ 730 bilhões à economia brasileira. A urgência da situação climática exige investimentos em resiliência e adaptação, fundamentais para a sobrevivência de governos e empresas. A transição para uma economia de baixo carbono apresenta um desafio: como transformar a riqueza natural do Brasil em vantagens competitivas no cenário global. Maria Netto, diretora executiva do Instituto Clima e Sociedade, enfatiza a necessidade de integrar as agendas de economia e clima.

Em entrevista, Netto questiona quando o Brasil será capaz de agregar valor aos seus recursos naturais, evitando ser apenas um exportador de commodities. Ela vê oportunidades no atual cenário geopolítico, como a abundância de terras raras e o potencial para produção de alimentos e conservação da Amazônia. A chave para transformar essas vantagens em competitividade está na preparação e na governança eficaz nos próximos anos.

Com a intensificação de eventos climáticos extremos, o custo da inação se torna alarmante, afetando não apenas a vida das pessoas, mas também a economia. Maria Netto destaca que menos de 50% das perdas financeiras causadas por desastres climáticos foram asseguradas globalmente. No caso das enchentes no Rio Grande do Sul, os danos superaram R$ 70 bilhões, com apenas 5% das infraestruturas asseguradas, evidenciando a falta de preparação para esses eventos.

A diretora critica a falta de priorização da adaptação climática pelos governos, ressaltando que a análise tradicional de riscos não é mais suficiente. É necessário olhar para o futuro, considerando os impactos das emissões de gases de efeito estufa. Para implementar soluções em larga escala, o financiamento climático é essencial. Na última Conferência das Partes (COP29), os países desenvolvidos concordaram em financiar US$ 300 bilhões anuais, um valor muito abaixo dos US$ 1,3 trilhão necessários para os países em desenvolvimento.

Netto menciona a plataforma de investimentos para transição ecológica e clima do Brasil como uma iniciativa inovadora, mas alerta que é preciso ter um ecossistema capaz de absorver esses recursos de forma eficaz. Ela também enfatiza que investidores em infraestrutura devem considerar a adaptação climática para evitar perdas financeiras futuras. O hub lançado pelo Instituto Clima e Sociedade visa facilitar a integração das agendas de economia e clima, produzindo relatórios sobre o impacto de eventos climáticos no PIB e nos preços dos alimentos.

O desafio é entender a interconexão entre economia e clima, o que permitirá um planejamento fiscal e orçamentário mais eficaz. Em um cenário de crescente frequência de desastres climáticos, a união da sociedade civil pode ser crucial para apoiar iniciativas que promovam a resiliência e a adaptação, ajudando a mitigar os impactos econômicos e sociais dessas crises.

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