Impacto Social

"Exclusão digital no Brasil: mais de 170 milhões sem internet enfrentam barreiras em pagamentos"

Mais de 170 milhões de brasileiros enfrentam exclusão digital, como evidenciado pelo caso de Maria das Dores Santos, que foi impedida de pagar em dinheiro em uma padaria. A recusa de pagamento em espécie é ilegal e gera constrangimento.

Atualizado em
May 26, 2025
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Direito do Consumidor - (crédito: Caio Gomez)

O Brasil enfrenta um grave problema de inclusão digital, com mais de 170 milhões de brasileiros sem acesso à internet, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa realidade limita a capacidade de compra e pagamento de uma parte significativa da população. Recentemente, relatos de exclusão surgiram, como o de Maria das Dores Santos, que foi impedida de pagar em dinheiro em uma padaria, evidenciando a recusa de alguns estabelecimentos em aceitar moeda corrente, prática considerada abusiva pela legislação.

Maria, de sessenta e dois anos, residente em Ceilândia, compartilhou sua experiência: "Entrei com minhas moedas e o atendente disse que só aceitavam pagamento por Pix ou por cartão. Quando expliquei que não sabia usar essas coisas, ele me mandou embora. Eu me senti humilhada." Esse episódio ilustra a dificuldade enfrentada por muitos brasileiros, que, mesmo alfabetizados, têm dificuldades com tecnologias digitais.

De acordo com o Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf) 2024, sessenta por cento dos analfabetos funcionais apresentam baixo desempenho em tarefas digitais, como pagar boletos ou fazer transferências. No Distrito Federal, onde a taxa de analfabetismo é a menor do país, apenas vinte e três por cento da população entre quinze e sessenta e quatro anos possui alto nível de habilidades digitais. A recusa em aceitar pagamento em dinheiro é proibida pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC) e pela Lei de Contravenções Penais.

Embora os comerciantes possam ter preferência por meios eletrônicos, não podem impor essa condição ao consumidor. Em situações excepcionais, como falta de troco, é necessário comunicar a mudança de forma clara. O ambulante José Carlos Silveira, de cinquenta e oito anos, também enfrenta dificuldades. Ele relata: "Já perdi vendas por não aceitar Pix. Não tenho celular moderno e não sei mexer com essas coisas. Me sinto deixado de lado." Para contornar essa situação, José precisou contratar um funcionário para gerenciar as transações digitais.

A modernização dos pagamentos, como o Pix, trouxe benefícios, mas a imposição dessa tecnologia pode discriminar pessoas por classe social ou idade. O advogado especialista em direito do consumidor, Diogo Villela Barboza, alerta para a necessidade de considerar as realidades de quem vive em áreas remotas, onde o acesso à tecnologia é limitado. A digitalização deve ser inclusiva, garantindo o direito ao pagamento em espécie como um aspecto fundamental da cidadania.

O Ministério da Justiça e Segurança Pública lançou uma campanha de conscientização sobre o direito ao pagamento em dinheiro. A ação visa orientar comerciantes sobre as implicações legais da recusa. Para reverter essa situação, é essencial investir em educação digital desde cedo. Projetos que promovem a alfabetização e a inclusão digital são fundamentais para garantir que todos tenham acesso às ferramentas necessárias para participar da economia. Nessa luta, a união da sociedade pode fazer a diferença, apoiando iniciativas que promovam a inclusão e a dignidade de todos.

Correio Braziliense
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