Meio Ambiente

Geração solar no Brasil avança com usinas flutuantes, ampliando a matriz elétrica e a confiabilidade do sistema

Estudos revelam a viabilidade de usinas híbridas no Brasil, combinando geração solar flutuante com hidrelétricas, com potencial para instalar 25 GW em 28 usinas, exigindo ajustes regulatórios.

Atualizado em
August 6, 2025
Clock Icon
3
min
Usina Fotovoltaica Flutuante (UFF) Araucária, a maior do país, localizada na represa Billings, próximo do encontro com o rio Jurubatuba - Eduardo Knapp/Folhapress

O Brasil tem experimentado um aumento notável na geração de eletricidade por meio de placas solares, abrangendo instalações de pequeno, médio e grande porte. As instalações menores estão conectadas à rede elétrica local, enquanto as maiores se ligam à rede de alta tensão, gerida pelo Operador Nacional do Sistema (ONS). É importante destacar que as placas solares contribuem com "energia", mas não com "potência", sendo a primeira a capacidade de atender à demanda média em um período, enquanto a segunda se refere à capacidade de atender à demanda instantânea.

Atualmente, o sistema elétrico brasileiro enfrenta um cenário de sobra de energia, mas carência de potência. Em um ambiente ideal, os investimentos deveriam se concentrar em fontes que fornecem potência. Contudo, com o crescimento da demanda por eletricidade, há espaço para novas instalações solares. Nesse contexto, a expansão da geração solar deve considerar também a instalação de placas flutuantes em reservatórios de usinas hidrelétricas (UHEs).

A Usina Fotovoltaica Flutuante Araucária, localizada na represa Billings, é a maior do país e exemplifica essa tendência. O estudo da consultoria PSR analisou a viabilidade técnica e econômica da hibridização de UHEs com geração solar flutuante. Os resultados indicaram que seria possível instalar até 25 GW em 28 UHEs, cobrindo apenas 0,7% da área dos reservatórios, com impacto ambiental mínimo.

Embora as placas solares flutuantes apresentem custos mais elevados e não possuam rastreadores solares, elas oferecem vantagens significativas. Elas não ocupam terras agrícolas e podem ser instaladas nas UHEs das regiões Sudeste e Sul, onde a demanda por eletricidade é maior. Além disso, a conexão com subestações existentes pode reduzir cortes forçados de geração, conhecidos como curtailments.

A geração híbrida, que combina energia hídrica e solar, não só fornece energia, mas também os atributos necessários para garantir a confiabilidade do sistema elétrico, como potência e flexibilidade. No entanto, para que essa hibridização seja reconhecida, ajustes regulatórios são necessários, o que demanda atenção das autoridades competentes.

Iniciativas que promovem a instalação de usinas híbridas podem ser fundamentais para o futuro energético do Brasil. A sociedade civil pode desempenhar um papel crucial ao apoiar projetos que visem a expansão da energia solar, contribuindo para um sistema elétrico mais sustentável e eficiente. A união em torno de causas que promovem a energia renovável pode transformar a realidade energética do país.

Folha de São Paulo
Quero ajudar

Leia mais

Julho chega com temperaturas baixas e alerta para cuidados com a saúde no Distrito Federal
Meio Ambiente
Clock Icon
3
min
Julho chega com temperaturas baixas e alerta para cuidados com a saúde no Distrito Federal
News Card

Temperaturas no Distrito Federal caem, com mínimas de 9,7ºC e máximas de até 28ºC. O Inmet alerta sobre a secura do ar e recomenda cuidados com a saúde e o meio ambiente.

"Queimadas devastam 30 milhões de hectares no Brasil em 2024, com recordes na Amazônia e Mata Atlântica"
Meio Ambiente
Clock Icon
4
min
"Queimadas devastam 30 milhões de hectares no Brasil em 2024, com recordes na Amazônia e Mata Atlântica"
News Card

Em 2024, o Brasil registrou queimadas em 30 milhões de hectares, com a Amazônia sendo a mais afetada, totalizando 15,6 milhões de hectares queimados, um aumento alarmante de 117% em relação à média histórica. O Relatório Anual do Fogo (RAF) do MapBiomas revela que a degradação florestal, impulsionada por ações humanas e secas severas, pode levar à savanização da região.

Nanopartículas de quitosana potencializam o crescimento de plantas e combatem a seca com soluções inovadoras
Meio Ambiente
Clock Icon
3
min
Nanopartículas de quitosana potencializam o crescimento de plantas e combatem a seca com soluções inovadoras
News Card

O projeto RESTORE, que envolve Brasil, França e Alemanha, utiliza nanopartículas e microrganismos para aumentar o crescimento de plantas e resistência à seca, promovendo soluções inovadoras para desafios ambientais.

Báyò Akómoláfé propõe uma nova abordagem para crises climáticas e sociais, desafiando o ativismo tradicional
Meio Ambiente
Clock Icon
4
min
Báyò Akómoláfé propõe uma nova abordagem para crises climáticas e sociais, desafiando o ativismo tradicional
News Card

Báyò Akómoláfé, filósofo nigeriano, inicia filmagens do documentário "Em Tempos Urgentes, Vamos Desacelerar" no Brasil, abordando caos climático e injustiça racial. Ele destaca a importância de repensar a justiça e o ativismo.

Mercado de crédito de carbono no Brasil enfrenta desafios de regulamentação e inclusão de comunidades tradicionais
Meio Ambiente
Clock Icon
4
min
Mercado de crédito de carbono no Brasil enfrenta desafios de regulamentação e inclusão de comunidades tradicionais
News Card

O Painel de Carbono Florestal, lançado pela ONG Idesam, mapeou 175 projetos de crédito de carbono no Brasil, revelando sobreposições de terras e exclusão de comunidades tradicionais. Apenas 11 projetos pertencem a territórios coletivos.

Brics lança declaração para impulsionar financiamento climático e apoiar países em desenvolvimento
Meio Ambiente
Clock Icon
4
min
Brics lança declaração para impulsionar financiamento climático e apoiar países em desenvolvimento
News Card

Na Cúpula do Brics, foi anunciada uma declaração conjunta visando mobilizar US$ 1,3 trilhão para financiamento climático, além de metas para emissões líquidas zero e uma parceria para eliminar Doenças Socialmente Determinadas. Os líderes enfatizam a necessidade de reformar o sistema financeiro internacional e condenam medidas protecionistas que afetam países em desenvolvimento.