Meio Ambiente

Ibama identifica desmatamento de cinco mil hectares em Campos de Altitude para monoculturas de Pinus

Ibama flagra desmatamento de quase cinco mil hectares de vegetação nativa em Santa Catarina para cultivo de Pinus, enquanto uma liminar judicial impede ações contra a empresa responsável. A degradação ameaça a biodiversidade e a proteção dos Campos de Altitude.

Atualizado em
July 29, 2025
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O Ibama identificou a destruição de quase cinco mil hectares de vegetação nativa dos Campos de Altitude em Santa Catarina, um ecossistema prioritário para a conservação da Mata Atlântica. O desmatamento ocorreu em oito áreas no planalto catarinense, especialmente na Coxilha Rica, no município de Lages, com o objetivo de converter essas áreas para o plantio de monoculturas de Pinus, uma espécie exótica que pode causar sérios impactos ambientais.

As vistorias realizadas entre junho e julho de 2025, durante a Operação Mata Viva, são parte de um esforço contínuo do Ibama, que já dura mais de cinco anos, para proteger os remanescentes do bioma Mata Atlântica. A maior parte das áreas desmatadas pertence a uma empresa de celulose, que continua a expandir suas plantações de Pinus em áreas protegidas por leis federais. Apesar das evidências e das medidas administrativas tomadas, uma liminar da Justiça Federal de Florianópolis impede que o Ibama tome ações contra a empresa.

O Ibama aguarda o resultado de um recurso de agravo apresentado ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Durante as operações de fiscalização, outros responsáveis pela destruição foram identificados, multados e notificados a retirar as mudas de Pinus e iniciar a recuperação da vegetação nativa, conforme o Decreto nº 6.514/08.

Um estudo recente publicado na revista Science, realizado por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina e outras instituições, destaca a importância dos Campos de Altitude, que abrigam mais de mil e seiscentas espécies de flora, com pelo menos 25% de endemismo. O estudo alerta que, entre 2008 e 2023, cerca de cinquenta mil hectares foram convertidos em plantações de Pinus, um processo que pode se intensificar sem intervenções legais.

Além da biodiversidade, os Campos de Altitude são essenciais para a recarga de aquíferos e nascentes, regulam o clima regional e sustentam atividades tradicionais, como a produção de mel e queijo. A importância cultural desses campos foi evidenciada na 23ª Sapecada da Serra Catarinense, onde uma música vencedora denunciou a transformação da paisagem nativa em campos de Pinus, refletindo a preocupação da comunidade com a degradação ambiental.

O Ibama reafirma seu compromisso em coibir o desmatamento ilegal e garantir a recuperação dos remanescentes dos Campos de Altitude, enfatizando que a proteção ambiental é um dever constitucional. Em situações como essa, a união da sociedade pode ser fundamental para apoiar iniciativas que visem a preservação e recuperação ambiental, promovendo um futuro mais sustentável para todos.

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