Educação

Inflamação crônica: como o excesso de gordura e a dieta impactam a saúde e o metabolismo

Durante o 45º Congresso da SOCESP 2025, a nutricionista Ana Maria Pita Lottenberg abordou a ligação entre obesidade, inflamação crônica e microbiota intestinal, ressaltando a importância de uma dieta equilibrada para a saúde.

Atualizado em
June 24, 2025
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A inflamação é um tema que tem recebido crescente atenção, especialmente por sua ligação com doenças crônicas. Durante o 45º Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP 2025), a nutricionista Ana Maria Pita Lottenberg apresentou uma análise sobre a relação entre obesidade, inflamação crônica e microbiota intestinal, destacando a importância de uma dieta equilibrada para a saúde. A especialista, coordenadora da graduação em nutrição da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein, explicou que a inflamação é uma resposta fisiológica essencial, mas se torna problemática quando se torna crônica.

A inflamação persistente está associada a várias doenças, incluindo diabetes tipo 2, hipertensão arterial e alguns tipos de câncer. Ana Maria enfatizou que o excesso de tecido adiposo, especialmente a gordura visceral, é um dos principais gatilhos desse quadro. Segundo ela, “do ponto de vista bioquímico, o indivíduo com obesidade é um indivíduo inflamado”, pois o tecido adiposo atua como um órgão endócrino, liberando substâncias inflamatórias que ativam o sistema imunológico.

A microbiota intestinal desempenha um papel crucial nesse processo. Em pessoas saudáveis, uma dieta equilibrada favorece a presença de bactérias benéficas, que ajudam a manter a integridade da barreira intestinal. No entanto, em indivíduos com sobrepeso ou obesidade, a diversidade bacteriana pode ser reduzida, levando a uma disbiose intestinal que agrava a inflamação do tecido adiposo. Ana Maria destacou que esse ciclo vicioso torna difícil identificar o início da inflamação.

O ganho de peso e o consumo excessivo de gordura saturada alteram os mecanismos de proteção do intestino. A ativação de receptores nas células intestinais leva à produção de citocinas inflamatórias, desestabilizando as junções celulares e permitindo a entrada de lipopolissacarídeos na corrente sanguínea. Ana Maria descreveu esse fenômeno como o ponto de partida da endotoxemia metabólica observada em indivíduos obesos, que pode ser dividida em três fases: gatilho, fase adaptativa e fase patológica.

A alimentação tem um papel fundamental na composição da microbiota intestinal. Estudos indicam que a dieta influencia cerca de 28% da variação da microbiota, enquanto o genótipo responde por apenas 7%. Ana Maria alertou sobre os riscos das dietas ricas em gordura saturada, que não apenas aumentam o risco cardiometabólico, mas também prejudicam a diversidade da microbiota. Ela ressaltou a importância de um padrão alimentar equilibrado, rico em alimentos in natura, como frutas, verduras e leguminosas.

Transformar conhecimento em hábito é um desafio. Ana Maria enfatizou que o efeito protetor não está em um único alimento, mas na soma de fatores de uma dieta saudável. A inclusão de fibras é essencial para a produção de ácidos graxos de cadeia curta, que ajudam a reduzir a inflamação. A realidade alimentar no Brasil, no entanto, ainda está distante do ideal, com muitos abandonando alimentos nutritivos. A união da sociedade civil pode ser um caminho para resgatar hábitos alimentares saudáveis e promover a saúde coletiva.

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