Saúde e Ciência

Pesquisador revela estratégias do Cryptococcus neoformans para escapar do sistema imunológico e desafios no tratamento

Pesquisador Alexandre Alanio revela novas descobertas sobre o Cryptococcus neoformans, que se oculta no corpo em estados de dormência, dificultando diagnósticos e tratamentos. Ele propõe testes moleculares e combinações de antifúngicos para melhorar a eficácia terapêutica.

Atualizado em
June 23, 2025
Clock Icon
3
min

Infecções fúngicas invasivas, como a criptococose, representam um desafio significativo à saúde pública, especialmente entre pacientes imunocomprometidos. Essas infecções têm altas taxas de mortalidade e podem permanecer assintomáticas por longos períodos, complicando o diagnóstico e o tratamento. Durante uma palestra no Institut Pasteur de São Paulo, o pesquisador Alexandre Alanio, especialista em fungos patogênicos, apresentou novas descobertas sobre o comportamento do Cryptococcus neoformans.

Alanio, que é professor na Universidade Paris Cité e vice-diretor do Centro Nacional de Referência para Micoses e Antifúngicos da França, explicou como o fungo consegue se esconder no organismo em estados de dormência e persistência. Essas condições dificultam a detecção e o combate ao fungo, aumentando o risco de complicações. As células dormentes, que são viáveis, mas não cultiváveis, podem permanecer no corpo por anos, enquanto as células persistentes sobrevivem a tratamentos potentes sem desenvolver resistência genética.

Os experimentos apresentados por Alanio demonstraram que a limitação de oxigênio e nutrientes pode levar a uma parte das células a se tornar viável, mas incapaz de crescer em cultura, desafiando a microbiologia tradicional. Dentro dos macrófagos, as células dormentes permanecem inativas, mas podem se reativar e proliferar quando liberadas, um processo que destaca a importância da interação entre o fungo e as células de defesa do corpo.

Além de discutir esses mecanismos, Alanio sugeriu novas abordagens para diagnóstico e tratamento. Ele mencionou a utilização de testes moleculares para identificar a expressão de genes específicos, como o QSP1, que indica a presença de células fúngicas vivas, mesmo quando não são cultiváveis. Essa estratégia é crucial para o monitoramento de pacientes com criptococose.

O pesquisador também destacou o potencial de moléculas como o ácido pantotênico e vesículas extracelulares para reativar células dormentes, abrindo novos caminhos terapêuticos. A combinação de antifúngicos, como Anfotericina B e 5-FC, mostrou-se mais eficaz do que a monoterapia, sendo uma informação vital para aprimorar os protocolos clínicos e reduzir as recaídas.

Essas descobertas ressaltam a necessidade de um esforço coletivo para enfrentar as infecções fúngicas invasivas. A união da sociedade civil pode ser fundamental para apoiar iniciativas que visem a pesquisa e o desenvolvimento de novas estratégias de tratamento e diagnóstico, beneficiando aqueles que mais precisam. Juntos, podemos fazer a diferença na luta contra essas infecções silenciosas.

Medicina S/A
Quero ajudar

Leia mais

Inovações no tratamento da Doença de Parkinson trazem esperança a milhões de pacientes no Brasil
Saúde e Ciência
Clock Icon
4
min
Inovações no tratamento da Doença de Parkinson trazem esperança a milhões de pacientes no Brasil
News Card

Novas abordagens para tratar a Doença de Parkinson estão surgindo no Brasil, incluindo cirurgia DBS e ultrassom focado, além do potencial da Cannabis medicinal e inovações futuras.

Mosquitos Aedes aegypti serão soltos no DF com a bactéria Wolbachia para combater dengue e outras doenças
Saúde e Ciência
Clock Icon
3
min
Mosquitos Aedes aegypti serão soltos no DF com a bactéria Wolbachia para combater dengue e outras doenças
News Card

A partir de agosto de 2025, o Distrito Federal começará a soltar semanalmente quatro milhões de mosquitos Aedes aegypti infectados com a bactéria Wolbachia para combater doenças como dengue e zika. A estratégia visa reduzir a transmissão ao aumentar a população de mosquitos portadores da bactéria, que impede o desenvolvimento dos vírus. As liberações ocorrerão em áreas com histórico de surtos, priorizando comunidades vulneráveis.

Hospital Universitário de Brasília inicia campanha de vacinação contra a influenza para todas as idades
Saúde e Ciência
Clock Icon
3
min
Hospital Universitário de Brasília inicia campanha de vacinação contra a influenza para todas as idades
News Card

O Hospital Universitário de Brasília (HUB-UnB) lançou uma campanha de vacinação contra a influenza, disponível para todos a partir de seis meses. A vacinação ocorre de segunda a sexta-feira, enquanto houver doses. É necessário apresentar documento de identificação e cartão de vacinação. A campanha visa proteger especialmente crianças e idosos, que são mais vulneráveis à doença.

Secretaria de Saúde do Distrito Federal intensifica vacinação contra HPV com mensagens via WhatsApp
Saúde e Ciência
Clock Icon
3
min
Secretaria de Saúde do Distrito Federal intensifica vacinação contra HPV com mensagens via WhatsApp
News Card

A Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) lançou uma campanha via WhatsApp para vacinar jovens de 15 a 19 anos contra o HPV, contatando 130 mil pessoas até 14 de junho. A estratégia visa aumentar a cobertura vacinal e prevenir cânceres relacionados ao vírus.

Campo Grande registra nono caso de morcego com raiva em 2025, superando total do ano anterior
Saúde e Ciência
Clock Icon
3
min
Campo Grande registra nono caso de morcego com raiva em 2025, superando total do ano anterior
News Card

Campo Grande (MS) confirmou mais um caso de morcego com raiva, totalizando nove em 2025, superando os seis do ano anterior. A prefeitura alerta sobre a gravidade da doença e a proteção legal dos morcegos.

Cientistas identificam resistência alarmante a antibióticos em estreptococo do grupo B no Brasil
Saúde e Ciência
Clock Icon
3
min
Cientistas identificam resistência alarmante a antibióticos em estreptococo do grupo B no Brasil
News Card

Pesquisadores da USP e UFPB descobriram alta resistência a antibióticos em Streptococcus agalactiae, com mais de 80% das amostras analisadas mostrando resistência, além de uma nova linhagem preocupante. A situação exige vigilância e novas estratégias de prevenção.