Socioambiental

Ponte Salvador-Itaparica avança com críticas de comunidades tradicionais e preocupações socioambientais

Moradores de Itaparica manifestam preocupações sobre os impactos socioambientais da ponte Salvador-Itaparica, questionando a falta de consulta prévia e a especulação imobiliária na região. A obra, que promete transformar a dinâmica local, gera temores sobre a preservação ambiental e a qualidade de vida das comunidades tradicionais.

Atualizado em
July 8, 2025
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Camilo Lobo

Em 2025, a construção da ponte Salvador-Itaparica, idealizada em 1967, foi retomada após anos de impasses. O projeto, que promete ser a maior ponte da América Latina sobre a água, com 12,4 quilômetros, conta com o apoio de estatais chinesas e a conclusão da sondagem do solo, etapa essencial para a instalação dos pilares. No entanto, moradores de Itaparica expressam preocupações sobre os impactos socioambientais da obra, questionando a falta de consulta prévia e a especulação imobiliária na região.

Antônio Salvador dos Santos, um dos moradores, relata que não recebeu informações sobre o traçado da ponte e teme que a alça de acesso passe por sua propriedade. Ele menciona que, nos últimos meses, apenas interessados em comprar seu terreno têm aparecido, o que levanta suspeitas sobre a especulação fundiária na ilha, que abriga áreas preservadas de Mata Atlântica e uma rica biodiversidade.

Itaparica, com 246 quilômetros quadrados, é uma das maiores ilhas marítimas do Brasil e sua travessia de ferry boat para Salvador é uma das principais conexões com o sul e sudeste do estado. Contudo, o sistema de ferry, implantado em 1970, enfrenta deterioração e longas filas, especialmente em períodos de alta demanda. O governo da Bahia tenta implementar a ponte desde 2009, mas a atração de investidores e entraves ambientais têm dificultado o avanço do projeto.

O consórcio chinês, que venceu a licitação em 2019, será responsável pela construção através de uma concessão patrocinada. O contrato inicial de R$ 7,6 bilhões foi revisado devido ao aumento dos custos da construção civil, resultando em um novo acordo que eleva o aporte público para R$ 3,7 bilhões. A obra inclui não apenas a ponte, mas também um sistema viário em Salvador e Itaparica, que levanta preocupações entre os moradores sobre os impactos ambientais.

Moradores, incluindo pescadores e quilombolas, expressam receios sobre o traçado da nova rodovia, que pode afetar áreas de Mata Atlântica e locais sagrados. O Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima), que embasou a Licença Prévia, já indicava potenciais danos ao território da ilha. O Ministério Público da Bahia (MPBA) alertou para a necessidade de dados atualizados, uma vez que os utilizados no estudo são de 2014 e a construção deve durar seis anos.

A falta de consulta prévia às comunidades tradicionais é uma das principais críticas ao projeto. Apesar de a concessionária afirmar que as consultas começaram, moradores relatam que o processo não respeita as diretrizes da Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho. A situação exige atenção, pois a ponte pode transformar Itaparica em uma extensão de Salvador, sem a infraestrutura necessária para suportar o aumento populacional. A união da sociedade civil pode ser crucial para garantir que os direitos e as necessidades dos moradores sejam respeitados.

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