Socioambiental

"Quase 17% da população brasileira ainda carece de água potável, enquanto 363 municípios enfrentam contratos irregulares"

Após cinco anos do Marco do Saneamento, 363 municípios brasileiros ainda operam com contratos irregulares, deixando 16,9% da população sem água potável e 44,8% sem esgoto. O Instituto Trata Brasil alerta para a necessidade urgente de investimentos.

Atualizado em
August 19, 2025
Clock Icon
4
min
Após marco legal, municípios ainda têm serviços irregulares de saneamento — Foto: Pixabay

Um estudo recente revela que, cinco anos após a aprovação do Marco do Saneamento, 363 municípios brasileiros ainda operam com contratos irregulares para serviços de água e esgoto. Essa situação afeta aproximadamente 16,9% da população, que não tem acesso a água potável, e 44,8%, que não conta com coleta de esgoto. O Marco, estabelecido em julho de 2020, visa garantir que até 2033, noventa e nove por cento da população tenha abastecimento de água e noventa por cento, esgotamento sanitário.

Os dados, coletados entre 2019 e 2023 pelo Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico (Sinisa), foram divulgados pelo Instituto Trata Brasil. A maioria das cidades com contratos irregulares está localizada nas regiões Norte e Nordeste, que historicamente enfrentam maiores desafios em saneamento. O estado da Paraíba lidera em contratos irregulares, com cento e cinquenta e dois, seguido por Tocantins, com quarenta e cinco, e Bahia, com vinte e três.

Em termos populacionais, a situação é ainda mais alarmante. Em Roraima, cem por cento dos habitantes vivem em municípios com contratos irregulares. Na Paraíba, sessenta e três por cento da população está nessa condição, enquanto no Acre, cinquenta e seis por cento enfrentam o mesmo problema. Outros estados com índices significativos incluem Rondônia, Amazonas, Tocantins, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Maranhão e Santa Catarina.

O Instituto Trata Brasil estima que o investimento médio necessário por habitante para atender às metas do Marco do Saneamento deve ultrapassar R$ 223,82 anualmente. Contudo, os municípios com contratos irregulares investem apenas R$ 53,63 por pessoa por ano. Essa discrepância explica os baixos índices de cobertura de água e esgoto, com sessenta e três vírgula oito por cento da população atendida em cidades irregulares, em comparação a oitenta e três por cento nas cidades com contratos regulares.

Luana Pretto, presidente executiva do Instituto Trata Brasil, destaca que cerca de seis milhões e setecentos mil brasileiros vivem em municípios com contratos irregulares. Um contrato é considerado irregular quando a companhia estadual de saneamento não comprova capacidade econômico-financeira para universalizar o acesso e não busca alternativas de investimento. O principal obstáculo para a regularização é político, com resistência de prefeituras em aderir a blocos regionalizados de concessão.

Essa situação exige uma mobilização da sociedade civil para garantir que todos tenham acesso a serviços básicos de saneamento. A união em torno de projetos que visem a melhoria da infraestrutura sanitária pode fazer a diferença na vida de milhões de brasileiros que ainda enfrentam a falta de água potável e coleta de esgoto. Juntos, podemos transformar essa realidade e promover um futuro mais justo e saudável para todos.

Leia mais

Música eletrônica se une à natureza em nova gravadora que destina parte da receita à conservação ambiental
Socioambiental
Clock Icon
4
min
Música eletrônica se une à natureza em nova gravadora que destina parte da receita à conservação ambiental
News Card

Artistas e ambientalistas promovem a valorização da natureza como colaboradora na música, com iniciativas como Future Sound of Nature e Sounds Right, que destinam parte dos lucros para conservação.

Jaguatirica resgatada após ser ferida por mais de 20 tiros é devolvida à natureza em ação de reabilitação
Socioambiental
Clock Icon
3
min
Jaguatirica resgatada após ser ferida por mais de 20 tiros é devolvida à natureza em ação de reabilitação
News Card

A jaguatirica resgatada em Trajano de Moraes (RJ) após ser ferida por mais de 20 tiros foi solta em 6 de junho, após dois meses de reabilitação. O Instituto BW e parceiros garantiram sua recuperação.

Especulação imobiliária rural é apontada como principal causa do desmatamento na Amazônia, afirma pecuarista
Socioambiental
Clock Icon
3
min
Especulação imobiliária rural é apontada como principal causa do desmatamento na Amazônia, afirma pecuarista
News Card

Mauro Lúcio, presidente da Acripará, destacou que a especulação imobiliária rural é a principal responsável pelo desmatamento na Amazônia, não a agropecuária. Ele defendeu a produção sustentável e criticou a falta de fiscalização na regularização fundiária.

Mesa Executiva de Exportação da Castanha busca soluções para impulsionar a bioeconomia na Amazônia
Socioambiental
Clock Icon
3
min
Mesa Executiva de Exportação da Castanha busca soluções para impulsionar a bioeconomia na Amazônia
News Card

A Mesa Executiva de Exportação da Castanha, liderada pela ApexBrasil, busca resolver gargalos do setor, como exigências sanitárias excessivas e falta de estrutura para promover conhecimento científico, visando impulsionar a bioeconomia na Amazônia.

Victor Hermann explora a 'zona cinza' da classe média em meio a catástrofes socioambientais
Socioambiental
Clock Icon
4
min
Victor Hermann explora a 'zona cinza' da classe média em meio a catástrofes socioambientais
News Card

Victor Hermann lança "Zona Cinza", um livro que examina a desresponsabilização da classe média diante de catástrofes socioambientais, propondo a arte como resposta à crise. A obra reflete sobre a inércia e a necessidade de assumir responsabilidades em um mundo em risco.

"Violência contra povos indígenas no Brasil atinge níveis alarmantes com mais de 200 assassinatos em 2024"
Socioambiental
Clock Icon
4
min
"Violência contra povos indígenas no Brasil atinge níveis alarmantes com mais de 200 assassinatos em 2024"
News Card

Líder indígena Maria de Fátima Muniz foi assassinada em ataque na Bahia, enquanto a violência contra povos indígenas no Brasil cresce, com mais de 211 mortes e aumento de suicídios em 2024.