Socioambiental

Racismo ambiental: desigualdade no acesso a áreas verdes afeta saúde e bem-estar da população brasileira

A desigualdade no acesso a áreas verdes urbanas no Brasil afeta a saúde mental e física de populações de baixa renda, sobrecarregando o SUS. A falta de vegetação impacta diretamente a qualidade de vida e bem-estar.

Atualizado em
July 2, 2025
Clock Icon
4
min
Ilustração: Julia Jabur - Instituto Serrapilheira

O acesso desigual a áreas verdes urbanas no Brasil é um problema histórico que afeta principalmente as populações pretas e pardas. Recentemente, estudos mostraram que a falta de acesso a esses espaços impacta negativamente a saúde mental e física de comunidades de baixa renda, intensificando desigualdades sociais e sobrecarregando o Sistema Único de Saúde (SUS).

Um exemplo dessa situação ocorreu em um condomínio, onde moradores expressaram preocupações sobre crianças de fora do bairro brincando em uma praça pública. A discussão revelou um fenômeno conhecido como racismo ambiental, onde as disparidades sociais influenciam o acesso a áreas verdes. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que um terço da população brasileira vive em ruas sem árvores, o que representa cerca de 58 milhões de pessoas sem acesso aos benefícios da vegetação urbana.

Esses benefícios, conhecidos como serviços ecossistêmicos, incluem a produção de oxigênio, a mitigação de gases do efeito estufa e a melhoria da qualidade do ar. Além disso, áreas verdes oferecem sombra, abastecem fontes de água e promovem a saúde mental através de atividades ao ar livre. Durante a pandemia de Covid-19, um estudo da Universidade do País Basco demonstrou que o acesso a espaços verdes reduziu sintomas de depressão e ansiedade, mesmo para aqueles que apenas podiam observar árvores pela janela.

Entretanto, o acesso a áreas verdes é frequentemente associado a populações com maior poder aquisitivo e escolaridade. As comunidades pretas e pardas, que historicamente enfrentam desigualdades, têm menos acesso a esses espaços, que se tornaram quase um luxo. Essa realidade é preocupante, pois a falta de áreas verdes está ligada a um aumento no risco de doenças cardiorrespiratórias, afetando diretamente a saúde dessas populações e contribuindo para a sobrecarga do SUS.

Com a previsão da ONU de que até 2050, setenta por cento da população mundial viverá em áreas urbanas, a situação pode se agravar. As cidades já enfrentam desafios relacionados a mudanças climáticas e especulação imobiliária, que afastam grupos marginalizados para as periferias. Em um país com desigualdades profundas, o acesso a áreas verdes continua sendo um privilégio de poucos, exigindo políticas públicas eficazes e a colaboração da sociedade.

É fundamental que a sociedade civil se mobilize para garantir que os benefícios da natureza sejam acessíveis a todos. Projetos que promovam a inclusão e o acesso a áreas verdes podem fazer a diferença na vida de muitas pessoas. Nossa união pode ajudar a transformar essa realidade e garantir que todos tenham o direito de desfrutar dos espaços públicos.

Folha de São Paulo
Quero ajudar

Leia mais

IV Marcha das Mulheres Indígenas reúne mais de sete mil participantes em Brasília para defender territórios e o clima
Socioambiental
Clock Icon
3
min
IV Marcha das Mulheres Indígenas reúne mais de sete mil participantes em Brasília para defender territórios e o clima
News Card

A IV Marcha das Mulheres Indígenas ocorrerá em Brasília de 2 a 8 de agosto, reunindo mais de sete mil participantes para fortalecer a luta por direitos e reconhecimento. O evento, promovido pela União das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira e pela Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade, incluirá debates sobre temas cruciais e culminará em uma mobilização até o Congresso Nacional, destacando a importância do protagonismo feminino na proteção ambiental e na defesa dos territórios indígenas.

Lula destaca importância de encontro com indígenas e recebe alerta sobre exploração de petróleo na Amazônia
Socioambiental
Clock Icon
3
min
Lula destaca importância de encontro com indígenas e recebe alerta sobre exploração de petróleo na Amazônia
News Card

Lula destaca a importância do respeito aos direitos indígenas em visita ao Parque Nacional do Xingu, onde cacique Raoni alerta sobre os riscos da exploração de petróleo na Amazônia.

Gamezônia: o videogame que transforma a educação ambiental e combate o desmatamento na Amazônia
Socioambiental
Clock Icon
4
min
Gamezônia: o videogame que transforma a educação ambiental e combate o desmatamento na Amazônia
News Card

Patrícia Muniz de Lima criou o Gamezônia, um jogo educacional sobre a Amazônia, visando conscientizar sobre desmatamento e biodiversidade. A iniciativa busca expandir e participar da COP30.

Pequeno Príncipe se torna o primeiro hospital do Brasil a adquirir créditos de biodiversidade e inspira ações sustentáveis
Socioambiental
Clock Icon
3
min
Pequeno Príncipe se torna o primeiro hospital do Brasil a adquirir créditos de biodiversidade e inspira ações sustentáveis
News Card

O Complexo Pequeno Príncipe, em Curitiba, é o primeiro hospital brasileiro a adquirir créditos de biodiversidade, investindo US$ 15 mil em ações de conservação ambiental. A iniciativa marca um avanço significativo na integração entre saúde e sustentabilidade.

Universidade Federal Fluminense promove projeto ‘Ressignifica’ e retira quatro toneladas de lixo do Rio João Mendes
Socioambiental
Clock Icon
3
min
Universidade Federal Fluminense promove projeto ‘Ressignifica’ e retira quatro toneladas de lixo do Rio João Mendes
News Card

O projeto "Ressignifica" da Universidade Federal Fluminense (UFF) já removeu mais de quatro toneladas de lixo do Rio João Mendes, transformando resíduos em biocarvão e adubo. A iniciativa, coordenada pela professora Dirlane de Fátima do Carmo, visa promover educação ambiental e engajamento da comunidade local, oferecendo alternativas sustentáveis para o reaproveitamento de materiais.

Justiça Federal determina cronograma para titulação do quilombo Kulumbú do Patuazinho em Oiapoque
Socioambiental
Clock Icon
3
min
Justiça Federal determina cronograma para titulação do quilombo Kulumbú do Patuazinho em Oiapoque
News Card

A Justiça Federal do Amapá exige que a União, o Incra e a Fundação Palmares apresentem um cronograma para a titulação das terras do quilombo Kulumbú do Patuazinho em 30 dias. A comunidade enfrenta invasões e ameaças devido a planos de exploração de petróleo na região.