Meio Ambiente

Reintrodução de papagaios-chauá e mutum-de-alagoas visa restaurar fauna da Mata Atlântica em Alagoas

Em Alagoas, a reintrodução de 20 papagaios-chauá e do mutum-de-alagoas visa restaurar a fauna da Mata Atlântica, com a comunidade local atuando como guardiã da biodiversidade. O projeto, apoiado pela FAPESP, já protegeu mais de cinco mil hectares e promoveu a conscientização ambiental.

Atualizado em
June 24, 2025
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Papagaio-chauá (Amazona rhodocorytha): após reintrodução em reserva florestal em Alagoas, à espera da companhia de outros bichos (foto: Luís Fábio Silveira/Museu de Zoologia-USP)

Em janeiro de 2025, a reintrodução de 20 papagaios-chauá (Amazona rhodocorytha), extintos em Alagoas, teve início em uma reserva florestal de mil hectares localizada em Coruripe, a 86,5 quilômetros de Maceió. O projeto, que visa restaurar a fauna original da Mata Atlântica, também planeja incluir outras espécies, como o mutum-de-alagoas (Pauxi mitu), jabutis e macucos (Tinamus solitarius). A iniciativa é parte do projeto ARCA, apoiado pela FAPESP, e busca restaurar a funcionalidade do ecossistema local.

Durante o Fórum Brasil-França sobre Florestas, Biodiversidade e Sociedades Humanas, realizado em junho em Paris, foram apresentados alguns resultados do projeto. Luís Fábio Silveira, vice-diretor do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador do projeto, destacou a importância da área, que abriga a maior quantidade de pau-brasil (Paubrasilia echinata) nativo fora do sul da Bahia. Ele mencionou que a reconexão florestal é um desafio que requer tempo e esforço, enquanto a preservação da floresta é uma necessidade urgente.

Os pesquisadores estão soltando aves e jabutis criados em cativeiro para promover a dispersão de sementes e garantir a sobrevivência da floresta. Silveira afirmou que a área servirá como modelo para replicar a iniciativa em outros fragmentos da Mata Atlântica. A transformação da área em reserva florestal envolveu negociações com o Ministério Público e organizações não governamentais (ONGs), além de proprietários de terras, que são, em sua maioria, usinas de açúcar e álcool.

Para facilitar a criação de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN), os pesquisadores conseguiram isentar os proprietários das taxas de registro em cartório. Essa estratégia permitiu a criação de mais de cinco mil hectares de Mata Atlântica protegida em Alagoas, garantindo a preservação de 80% das espécies endêmicas e ameaçadas da região. O mutum-de-alagoas, uma das aves reintroduzidas, foi escolhido por necessitar de grandes áreas florestais para sobreviver.

A reintrodução do mutum-de-alagoas, que estava extinto na natureza há 40 anos, causou grande comoção pública, resultando na criação de blocos carnavalescos e corridas em homenagem à ave. A mesma empolgação está sendo observada com o retorno do papagaio-chauá, que está se tornando parte do cotidiano da população local. Silveira ressaltou que o envolvimento da comunidade é crucial, pois agora os moradores se tornam guardiões da fauna reintroduzida, preferindo ver os animais na natureza em vez de mantê-los em casa.

Com a reintrodução das aves, a natureza começa a se reestabelecer, e os sons dos papagaios voltam a ecoar na floresta. A comunidade tem enviado vídeos monitorando os animais, mostrando o impacto positivo da iniciativa. Projetos como esse, que visam a preservação da biodiversidade e a restauração de ecossistemas, merecem o apoio da sociedade civil, pois a união pode fazer a diferença na proteção da fauna e flora locais.

Agência FAPESP
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