Impacto Social

Trabalhadoras domésticas enfrentam exaustão e falta de direitos, revelam dados alarmantes de estudo inédito

Setenta por cento das trabalhadoras domésticas no Brasil relatam cansaço crônico, evidenciando a sobrecarga e a falta de direitos. Estudo revela que a maioria não tem vínculo formal e enfrenta desigualdade salarial.

Atualizado em
June 4, 2025
Clock Icon
4
min
Estudo revela sobrecarga e falta de direitos das trabalhadoras domésticas no Brasil - Fabio Braga/Folhapress

Um estudo recente revela que setenta por cento das trabalhadoras domésticas no Brasil se sentem cronicamente cansadas, enfrentando uma rotina exaustiva que compromete seu bem-estar. A pesquisa, realizada pela Secretaria Nacional da Política de Cuidados e Família do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, em parceria com a Federação Internacional das Trabalhadoras Domésticas e a Organização Internacional do Trabalho, destaca a sobrecarga de trabalho e a falta de tempo para autocuidado, especialmente entre as mães chefes de família.

As mães representam cinquenta e sete por cento da categoria, sendo que trinta e quatro por cento são mães solo. A situação é ainda mais crítica entre as trabalhadoras negras, onde oitenta por cento enfrentam essa realidade, em comparação a setenta e cinco por cento das brancas. A pesquisa, que abrangeu seiscentas e sessenta e cinco trabalhadoras de todo o país, evidencia que a falta de direitos e a baixa remuneração contribuem para essa sobrecarga.

Djane Clemente, uma trabalhadora doméstica com dez anos de experiência, relata que a rotina inclui não apenas o cuidado da casa, mas também de crianças e idosos, tudo isso por um salário mínimo. O tempo de deslocamento também é um fator que agrava a situação, com muitas profissionais gastando horas em transporte público, o que limita ainda mais seu tempo livre e capacidade de autocuidado.

Atualmente, as trabalhadoras domésticas representam vinte e cinco por cento da força de trabalho remunerada de cuidados no Brasil, totalizando quase seis milhões de pessoas. Apesar de sua importância, a maioria não possui vínculo formal, com apenas vinte e quatro vírgula sete por cento das trabalhadoras negras tendo carteira assinada, em comparação a trinta e um por cento das brancas. A desigualdade é ainda mais acentuada nas regiões Norte e Nordeste, onde menos de quinze por cento das trabalhadoras negras têm registro formal.

Além disso, sessenta e cinco por cento das trabalhadoras domésticas recebem menos que um salário mínimo, com a situação sendo mais crítica nas regiões Nordeste e Norte. Quatro em cada dez afirmam não ter tempo para cuidar de si mesmas, refletindo um paradoxo em que, apesar de serem responsáveis pelo cuidado de outras famílias, não conseguem garantir o próprio autocuidado.

A insuficiência de serviços públicos de cuidado, como creches e escolas em tempo integral, impõe uma dupla jornada às trabalhadoras, aumentando o estresse e a pressão. A desvalorização histórica da profissão, especialmente entre as mulheres negras, é um fator que perpetua essa situação. A promoção do trabalho decente para essas profissionais é uma prioridade da Política Nacional de Cuidados, aprovada em dezembro de 2024. Nessa situação, nossa união pode ajudar os menos favorecidos a conquistar melhores condições de trabalho e dignidade.

Folha de São Paulo
Quero ajudar

Leia mais

Tragédia da menina Sarah Raíssa levanta debate sobre segurança digital e responsabilidade nas redes sociais
Impacto Social
Clock Icon
4
min
Tragédia da menina Sarah Raíssa levanta debate sobre segurança digital e responsabilidade nas redes sociais
News Card

A morte de uma criança em um desafio viral gerou clamor por proteção digital. A deputada Maria do Rosário propõe uma CPI para investigar crimes digitais contra menores, enquanto a juíza Paula Afoncina Barros Ramalho enfatiza a responsabilidade do Estado e da sociedade na proteção infantojuvenil.

Conferência de Gestão e Inovação do Na Prática transforma carreiras e conecta jovens a grandes empresas
Impacto Social
Clock Icon
3
min
Conferência de Gestão e Inovação do Na Prática transforma carreiras e conecta jovens a grandes empresas
News Card

Ana Santos, que foi contratada pelo Nubank após a Conferência de Gestão e Inovação do Na Prática em 2018, agora retorna como voluntária, destacando a importância da diversidade e do autoconhecimento no evento.

CVM enfrenta críticas por falta de acessibilidade em sua sede no Rio de Janeiro e promete reformas estruturais
Impacto Social
Clock Icon
3
min
CVM enfrenta críticas por falta de acessibilidade em sua sede no Rio de Janeiro e promete reformas estruturais
News Card

A sede da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no Rio de Janeiro enfrenta críticas por falta de acessibilidade, especialmente após uma infestação de ratos. A autarquia reconhece as limitações e anunciou reformas, mas enfrenta desafios orçamentários. Em 2024, foram realizados aperfeiçoamentos no auditório e banheiros, reafirmando o compromisso com a inclusão.

Nova Era da Economia Feminina propõe colaboração entre gêneros para um impacto social duradouro
Impacto Social
Clock Icon
3
min
Nova Era da Economia Feminina propõe colaboração entre gêneros para um impacto social duradouro
News Card

A Nova Era da Economia Feminina propõe um modelo de negócios colaborativo e sustentável, unindo homens e mulheres para gerar impacto social positivo. A transformação econômica requer a colaboração de todos, valorizando a diversidade e a co-criação.

Prefeitura de Barueri exonera secretário de Educação após declarações preconceituosas sobre alunos com deficiência
Impacto Social
Clock Icon
3
min
Prefeitura de Barueri exonera secretário de Educação após declarações preconceituosas sobre alunos com deficiência
News Card

Secretário de Educação de Barueri, Celso Furlan, é exonerado após declarações preconceituosas sobre alunos com deficiência. A prefeitura reafirma seu compromisso com a inclusão e lamenta o ocorrido.

Saúde mental no trabalho ganha destaque com nova norma que reconhece riscos psicossociais no ambiente laboral
Impacto Social
Clock Icon
4
min
Saúde mental no trabalho ganha destaque com nova norma que reconhece riscos psicossociais no ambiente laboral
News Card

A nova redação da Norma Regulamentadora 1 (NR-1) reconhece os riscos psicossociais no trabalho, refletindo um avanço na saúde mental dos trabalhadores em meio à pressão da sociedade do desempenho.