Impacto Social

Unicamp aprova cotas para pessoas trans e reforça a luta por igualdade no acesso ao ensino superior

A Unicamp aprovou cotas para pessoas trans, travestis e não binárias, gerando reações políticas e tentativas de anulação por parlamentares, em meio a um aumento de projetos de lei antitrans no Brasil.

Atualizado em
May 3, 2025
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Grupo de estudantes da USP que faz campanha pela adoção da política de cotas para pessoas trans Rafaela Araújo - 4.out.24/Folhapress

A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) aprovou, por unanimidade, a implementação de cotas para pessoas trans, travestis e não binárias na graduação. Essa decisão é vista como uma reparação histórica para um grupo que enfrenta marginalização e exclusão social. O acesso à educação superior é um direito que, historicamente, foi negado a essas populações, que frequentemente sofrem com diversas formas de violência e discriminação.

As cotas visam democratizar o acesso a uma instituição que, por muito tempo, foi voltada para as elites brancas, excluindo a classe trabalhadora. Dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil (Antra) revelam que a expectativa de vida dessa população é de apenas 35 anos, e que 82% não concluem o ensino médio. Apenas 0,3% chega ao ensino superior, enquanto 90% estão na prostituição, sem oportunidades no mercado de trabalho.

O histórico de violência contra a população trans no Brasil é alarmante. Desde a colonização, passando pela ditadura civil-militar, onde operações policiais visavam "limpar" as ruas de pessoas trans, a marginalização se perpetua. A recente aprovação das cotas na Unicamp é um passo importante para mudar essa realidade, permitindo que essas pessoas se tornem agentes de conhecimento e contribuam para a sociedade.

Entidades e especialistas defendem que a inclusão de pessoas trans nas universidades traz benefícios não apenas para os indivíduos, mas também para as instituições. A experiência de mais de dez anos de cotas para negros no Brasil demonstrou um aumento de 400% na presença desse grupo no ensino superior, além de melhorias na identificação de fraudes nas bancas de heteroidentificação.

Entretanto, a decisão da Unicamp gerou reações negativas. Parlamentares tentam anular a medida e propostas de lei antitrans estão em ascensão, com 293 projetos protocolados em 2023. Esses ataques refletem uma agenda que nega identidades de gênero e busca restringir direitos, evidenciando a necessidade de um debate mais amplo sobre inclusão e respeito às diversidades.

Garantir o acesso de pessoas trans ao ensino superior é crucial para a construção de um futuro mais igualitário. A universidade deve ser um espaço de transformação, onde todas as identidades são respeitadas. Nessa luta, a união da sociedade civil pode fazer a diferença, apoiando iniciativas que promovam a inclusão e a dignidade das pessoas trans, contribuindo para um Brasil mais justo e igualitário.

Folha de São Paulo
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