Meio Ambiente

Bactérias promovem resistência em pastagens e podem transformar a agropecuária brasileira frente ao aquecimento global

Pesquisadores da USP desenvolveram uma técnica inovadora utilizando bactérias para aumentar a resistência de gramíneas ao aquecimento global, melhorando a qualidade do pasto e reduzindo custos na pecuária.

Atualizado em
May 20, 2025
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Sistema de simulação climática futura em campo, do Laboratório de Mudanças Climáticas - Carlos Martinez/Divulgação/ FFCLRP/USP

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveram uma técnica inovadora utilizando bactérias para mitigar os efeitos do aquecimento global em gramíneas forrageiras. O estudo, liderado pelo professor Carlos Alberto Martinez, foi realizado no campus de Ribeirão Preto e publicado no periódico Science of the Total Environment. A pesquisa simulou um aumento de temperatura de até 2ºC, superando a meta do Acordo de Paris, e analisou a resposta de gramíneas após a inoculação com as bactérias Azospirillum brasilense e Pseudomonas fluorescens.

Os resultados indicam que o aumento da temperatura e a escassez de água podem reduzir a produção e a qualidade das pastagens, tornando-as menos proteicas e mais fibrosas. Isso implica que o gado precisaria consumir mais alimento para atingir o peso de abate, elevando os custos de produção e as emissões de metano. O Laboratório de Mudanças Climáticas da USP, criado em 2011, é um espaço pioneiro no Brasil para simular os efeitos do aquecimento global em forrageiras.

As bactérias utilizadas no estudo demonstraram ser promotoras do crescimento vegetal, atenuando os impactos negativos do aquecimento sobre a fotossíntese e a qualidade nutricional do pasto. A planta híbrida Brachiaria mavuno, amplamente utilizada na pecuária, apresentou taxas fotossintéticas 15% superiores e 38% mais proteína bruta quando inoculada. Além disso, houve uma redução de até 22% na lignina, melhorando a digestibilidade do alimento para o gado.

Os equipamentos avançados do laboratório permitiram monitorar as respostas fisiológicas das plantas em tempo real. Após períodos de seca, as plantas inoculadas recuperaram a fotossíntese em menos de 24 horas após a reidratação. A pesquisa já atraiu a atenção de empresas do setor, como a Wolf Sementes, que colaborou no desenvolvimento da B. mavuno, um híbrido mais resistente às mudanças climáticas.

Embora o custo das sementes melhoradas seja cerca de 50% mais alto, a empresa acredita que a utilização de cultivares superiores compensa financeiramente a longo prazo, reduzindo o tempo de abate e os riscos de perdas devido a condições climáticas adversas. Essa abordagem pode ser crucial para a sustentabilidade da pecuária brasileira, especialmente em um cenário de mudanças climáticas.

Iniciativas como essa devem ser apoiadas pela sociedade civil, pois representam um passo importante para a adaptação da agricultura às novas realidades climáticas. O fortalecimento de projetos voltados para a pesquisa e desenvolvimento de tecnologias sustentáveis pode garantir um futuro mais resiliente para a agropecuária no Brasil.

Folha de São Paulo
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