O Instituto Clima e Sociedade (iCS) lançou um hub de economia e clima, visando integrar conhecimento científico e promover ações climáticas no Brasil, que enfrenta desafios institucionais. O evento destacou a urgência de transitar de uma gestão reativa para estratégias preventivas, com especialistas apontando que o Brasil possui vantagens únicas, como um vasto capital natural e uma matriz energética limpa.
O Brasil tem um potencial considerável para liderar a agenda climática global, mas enfrenta desafios institucionais e a fragmentação de políticas públicas que limitam sua capacidade de ação. Essa avaliação foi destacada durante o lançamento do hub de economia e clima do Instituto Clima e Sociedade (iCS), realizado na sede da EXAME, onde especialistas discutiram a interseção entre desenvolvimento econômico e ação climática.
Luciana Servo, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), apresentou dados alarmantes sobre a gestão de recursos públicos. Dos R$ 94 bilhões destinados a programas ambientais em 2024, R$ 82 bilhões foram redirecionados para emergências climáticas, como as enchentes no Rio Grande do Sul. Essa abordagem reativa contrasta com a necessidade de estratégias preventivas de longo prazo, essenciais para o Brasil capitalizar suas vantagens competitivas.
Jorge Arbache, professor de economia da Universidade de Brasília (UnB), ressaltou que o Brasil possui o "maior estoque de capital natural do mundo", com uma matriz energética limpa e 50% do território coberto por florestas. Ele argumentou que essas vantagens podem impulsionar o crescimento econômico, especialmente em um cenário de baixo crescimento desde os anos 1980. Arbache defendeu que a questão climática deve ser um motor para enfrentar os problemas estruturais do país.
Rogério Studart, do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI), destacou que, apesar de o Brasil ter R$ 380 bilhões em reservas internacionais e atrair investidores para projetos de transição climática, a capacidade de crescimento do país não atende aos requisitos para viabilizar esses investimentos. Ele enfatizou a necessidade de libertar o país de amarras institucionais e culturais que limitam o progresso.
Luciana Servo também abordou a questão fiscal, afirmando que a tributação de apenas 0,5% dos brasileiros mais ricos poderia gerar R$ 30 bilhões anuais. Os gastos tributários projetados para 2025 somam R$ 545 bilhões, concentrando-se em segmentos que não necessitam de apoio público. Essa configuração perpetua ineficiências na distribuição de recursos, prejudicando tanto a justiça social quanto a eficácia das políticas climáticas.
O hub do iCS visa preencher lacunas de informação e promover a integração entre conhecimento científico e ações climáticas. Annelise Vendramini, professora da FGV, destacou a importância de iniciativas que organizem pesquisas de alta qualidade para guiar a ação climática. Em um momento em que a informação circula rapidamente pelas redes sociais, a união de esforços pode ser crucial para enfrentar os desafios climáticos e sociais que o Brasil enfrenta.
O mercado de carbono no Brasil avança com iniciativas como a Re.green, que planeja recuperar 1 milhão de hectares até 2032, e a Biomas, que visa restaurar 2 milhões em 20 anos. Essas ações prometem remover milhões de toneladas de carbono, contribuindo para a biodiversidade e geração de empregos. A EQAO também se destaca, auxiliando empresas na geração de créditos de carbono.
O Pará alcançou a menor área sob alertas de desmatamento em uma década, com 1.325 quilômetros quadrados, refletindo uma queda de 21% em relação ao período anterior e de 66% em comparação a 2020. O governador Helder Barbalho destaca que essa redução é resultado de um esforço conjunto em fiscalização e valorização da produção responsável.
Vocalizações das baleias-azuis caíram quase 40% devido à escassez de alimentos provocada por ondas de calor marinhas, impactando sua reprodução e saúde. Cientistas alertam para as consequências no ecossistema marinho.
Iniciativas inovadoras estão transformando tampas de garrafa PET em objetos úteis, como cortinas e jogos educativos, promovendo a reciclagem e reduzindo a poluição plástica. Essas ações criativas ajudam a preservar o meio ambiente e incentivam a conscientização comunitária.
O Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, em Minas Gerais, foi declarado Patrimônio Mundial Natural pela Unesco, destacando sua importância geológica e arqueológica. O reconhecimento impulsiona ecoturismo e inclusão social, beneficiando comunidades locais.
Um estudo recente indica que as temperaturas globais podem subir mais rapidamente do que o esperado, afetando severamente a agricultura e a biodiversidade, o que demanda ações urgentes.