Meio Ambiente

Cientistas alertam sobre retrocesso ambiental com projeto de lei que afrouxa licenciamento no Brasil

Cientistas da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) assinaram um manifesto contra o projeto de lei que afrouxa a Lei de Licenciamento Ambiental, alertando para retrocessos na proteção ambiental e na emergência climática.

Atualizado em
July 16, 2025
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Cientistas divulgam manifesto contra afrouxamento da lei de licenciamento ambiental que tramita na Câmara — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução

Cientistas da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) manifestaram-se contra o projeto de lei que propõe o afrouxamento da Lei de Licenciamento Ambiental no Brasil. O documento destaca que a proposta representa um retrocesso significativo na proteção ambiental, fragilizando as regras de análise e fiscalização, além de ignorar a emergência climática atual. O manifesto ressalta que a aprovação do projeto comprometeria os compromissos do Brasil no Acordo de Paris, questionando sua liderança nas iniciativas globais de sustentabilidade.

Paulo Artaxo, vice-presidente da SBPC e cientista do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), expressou preocupações sobre o autolicenciamento ambiental, que permitiria que os próprios empreendedores avaliassem seus impactos. Essa mudança eliminaria a análise técnica realizada por órgãos ambientais, aumentando os riscos para o meio ambiente. Além disso, a flexibilização do uso da água, um recurso vital, também é uma questão alarmante, pois enfraqueceria os controles existentes, tornando o meio ambiente mais vulnerável.

O novo marco legal do licenciamento ambiental já foi aprovado por ampla maioria no Senado e agora aguarda votação na Câmara dos Deputados. O projeto facilita a concessão de licenças para empreendimentos com potencial de impacto ambiental, como hidrelétricas e barragens, e isenta atividades como a ampliação de estradas e a agricultura tradicional de licenciamento. A votação está prevista para esta quarta-feira, 16 de julho, e a sessão promete ser intensa, com várias propostas na fila.

Na véspera da votação, frentes de defesa do meio ambiente se reuniram no Salão Verde, solicitando o adiamento da análise do projeto. O presidente da Frente Ambientalista reiterou que a proposta representa um retrocesso nas conquistas ambientais do Brasil. A pressão da sociedade civil e de especialistas é crucial neste momento, pois a aprovação do projeto pode ter consequências graves para a sustentabilidade e a preservação dos recursos naturais.

A tramitação do projeto tem gerado um debate acalorado entre parlamentares, com aqueles a favor buscando apoio em reuniões ao longo do dia. O relator do projeto optou por não conceder entrevistas, o que aumenta a expectativa em torno da votação. A mobilização de cientistas e ambientalistas é um indicativo da necessidade de um diálogo mais profundo sobre os impactos da legislação proposta.

Em tempos de crescente preocupação ambiental, a união da sociedade civil é fundamental para garantir a proteção dos recursos naturais. Projetos que visam a preservação do meio ambiente e a promoção de práticas sustentáveis devem ser incentivados, pois podem fazer a diferença na luta contra as mudanças climáticas e na defesa dos direitos das futuras gerações.

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