Meio Ambiente

Corais do Refúgio de Alcatrazes sequestram 20 toneladas de carbono anualmente, contribuindo para a conservação ambiental

Corais-cérebro na ilha do Refúgio de Vida Silvestre do Arquipélago de Alcatrazes retêm anualmente 20 toneladas de carbono, desafiando a noção de crescimento limitado em corais subtropicais. O estudo, realizado por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), revela que a taxa de crescimento dos corais é comparável à de recifes tropicais, destacando seu papel crucial na captura de carbono e na mitigação das emissões de gases do efeito estufa.

Atualizado em
June 26, 2025
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Coral-cérebro (Mussismilia hispida), cujo esqueleto é composto de carbonato de cálcio, retém quantidade de carbono na forma mineralizada que contribui para conter efeito estufa (foto: Guilherme Henrique Pereira Filho/Arquivo LABECMar/Unifesp)

A pesquisa recente realizada no Refúgio de Vida Silvestre do Arquipélago de Alcatrazes, no litoral sul de São Paulo, revelou que uma única espécie de coral, o coral-cérebro (Mussismilia hispida), retém aproximadamente 20 toneladas de carbono anualmente. Esse valor é equivalente à emissão de 324 mil litros de gasolina. O estudo, publicado na revista Marine Environmental Research, foi conduzido por pesquisadores do Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo (IMar-Unifesp) com apoio da FAPESP.

Os pesquisadores utilizaram tomografia computadorizada para analisar as colônias de coral e calcular a taxa de crescimento anual. A produção estimada de carbonato de cálcio (CaCO3) foi de 170 toneladas por ano. O carbonato de cálcio é um composto formado por cálcio, oxigênio e carbono, sendo este último um dos principais responsáveis pelo efeito estufa quando liberado na atmosfera.

Luiz de Souza Oliveira, primeiro autor do estudo, destacou a dificuldade de medir o crescimento do coral por métodos tradicionais, o que levou à utilização de tomografias. As imagens permitiram observar as bandas de crescimento, que representam um ano de vida do coral. Os dados foram coletados entre 2018 e 2023, revelando uma taxa de crescimento superior à esperada, similar à dos corais de regiões tropicais.

Os pesquisadores também precisaram determinar a área ocupada pelos corais no fundo marinho, tarefa realizada por Mônica Andrade da Silva, coautora do estudo. A taxa de crescimento dos corais em Alcatrazes surpreendeu os cientistas, uma vez que os corais subtropicais são geralmente considerados menos produtivos. A pesquisa sugere que esses corais podem desempenhar um papel importante no sequestro de carbono.

Embora os corais de Alcatrazes não formem grandes recifes, a presença de macroalgas que absorvem CO2 pela fotossíntese pode contribuir para que a região funcione como um sumidouro de gases do efeito estufa. O estudo destaca a importância do Refúgio de Vida Silvestre não apenas na proteção de espécies marinhas, mas também na captura de carbono, um serviço ecossistêmico vital.

O trabalho faz parte do Projeto Mar de Alcatrazes, uma colaboração entre a Unifesp, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e a Petrobras. A valorização de áreas como Alcatrazes deve ir além da proteção pesqueira, reconhecendo seu papel essencial na mitigação das emissões de carbono. A união da sociedade pode ser fundamental para apoiar iniciativas que promovam a conservação e o estudo desses ecossistemas.

Agência FAPESP
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