Meio Ambiente

Mata Atlântica tem apenas 9,8% de sua área protegida, revelando fragilidade do bioma e desafios para conservação

Estudo da SOS Mata Atlântica revela que, em 2024, o desmatamento na Mata Atlântica se manteve estável, com a perda de 13.472 hectares, destacando a urgência de ampliar a proteção do bioma.

Atualizado em
May 27, 2025
Clock Icon
3
min
Imagem aérea registrada em 2024 mostra desmatamento em encrave da mata atlântica no município de Wanderley, na Bahia - Thomas Bauer/Divulgação/SOS Mata Atlântica

A Mata Atlântica, um dos biomas mais ameaçados do Brasil, possui apenas 9,8% de sua área protegida por unidades de conservação, totalizando aproximadamente 12,86 milhões de hectares. Um estudo recente da Fundação SOS Mata Atlântica, divulgado no Dia Nacional da Mata Atlântica, revela que, apesar de uma leve redução no desmatamento em outros biomas, a Mata Atlântica perdeu 13.472 hectares em 2024, mantendo a estabilidade em relação ao ano anterior.

O estudo destaca a fragilidade do bioma, que enfrenta pressão constante do agronegócio, o principal vetor do desmatamento. Diego Igawa Martinez, coordenador de projetos da SOS Mata Atlântica, afirma que a proteção das áreas é mal distribuída e muitas unidades não conseguem cumprir seu papel de conservação. Ele ressalta a necessidade de criar novas áreas de proteção de forma estratégica.

A pesquisa também analisou os usos do solo dentro das unidades de conservação, identificando a presença de atividades como pastagens e agricultura em áreas que deveriam ser prioritariamente voltadas à conservação. Aproximadamente 2 milhões de hectares das unidades de conservação são ocupados por pastagens, enquanto mais de 80% da vegetação nativa remanescente está fora dessas áreas protegidas.

O Relatório Anual do Desmatamento, divulgado pela rede MapBiomas, aponta que o Brasil teve uma redução de 32,4% no desmatamento em 2023, com exceção da Mata Atlântica, que registrou estabilidade. Os eventos climáticos extremos, como chuvas e enchentes, contribuíram para 22% da perda de vegetação no bioma em 2024, totalizando 3.022 hectares.

Martinez destaca que menos de 30% do território da Mata Atlântica está coberto por florestas primárias ou secundárias. Ele observa que o desmatamento está vinculado à expansão do agronegócio, especialmente em Minas Gerais, Piauí e Bahia, além de ser impulsionado pela especulação imobiliária em áreas urbanas.

O estudo enfatiza a importância das Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs), que protegem 80% dos remanescentes florestais do bioma. Para fortalecer a rede de proteção, a SOS Mata Atlântica sugere ampliar os incentivos para a criação e manutenção dessas áreas. A união da sociedade civil pode ser fundamental para apoiar iniciativas que visem à conservação e recuperação da Mata Atlântica, contribuindo para a preservação desse ecossistema vital.

Folha de São Paulo
Quero ajudar

Leia mais

Scott Loarie lidera o iNaturalist, plataforma que conecta amantes da natureza e gera dados sobre biodiversidade global
Meio Ambiente
Clock Icon
4
min
Scott Loarie lidera o iNaturalist, plataforma que conecta amantes da natureza e gera dados sobre biodiversidade global
News Card

Scott Loarie, diretor-executivo do iNaturalist, visa alcançar 100 milhões de usuários anuais até 2030, destacando a importância do Desafio Mundial da Natureza Urbana para engajar mais pessoas na ciência cidadã. A plataforma, que já conta com 20 milhões de usuários, busca facilitar o uso do aplicativo e expandir projetos comunitários.

Colossal Biosciences apresenta lobos geneticamente modificados que relembram ancestrais extintos
Meio Ambiente
Clock Icon
3
min
Colossal Biosciences apresenta lobos geneticamente modificados que relembram ancestrais extintos
News Card

Colossal Biosciences apresenta filhotes de lobos geneticamente modificados, Romulus, Remus e Khaleesi, que crescem rapidamente, mas enfrentam críticas sobre sua classificação. Clonagem de lobos vermelhos visa aumentar diversidade genética.

Amazônia enfrenta risco crescente de epidemias devido à degradação ambiental e ao aumento do contato humano com patógenos
Meio Ambiente
Clock Icon
4
min
Amazônia enfrenta risco crescente de epidemias devido à degradação ambiental e ao aumento do contato humano com patógenos
News Card

O vírus oropouche emergiu como uma nova ameaça à saúde pública em Roraima, com casos se espalhando para outros estados e países, destacando a urgência de monitoramento e preservação ambiental. A degradação da Amazônia, impulsionada por atividades como mineração e desmatamento, aumenta o risco de surtos de doenças infecciosas.

Governo brasileiro compra carne de tubarão em larga escala, expondo saúde pública e espécies ameaçadas
Meio Ambiente
Clock Icon
3
min
Governo brasileiro compra carne de tubarão em larga escala, expondo saúde pública e espécies ameaçadas
News Card

Órgãos públicos brasileiros adquiriram 5.400 toneladas de carne de tubarão, conhecida como cação, para escolas e hospitais, levantando preocupações sobre saúde e sustentabilidade. A falta de transparência nas espécies compradas e os riscos de contaminação, especialmente para crianças, são alarmantes.

Governo de São Paulo implementa barreira flutuante para conter proliferação de aguapés no Rio Tietê
Meio Ambiente
Clock Icon
4
min
Governo de São Paulo implementa barreira flutuante para conter proliferação de aguapés no Rio Tietê
News Card

Governo de São Paulo instalará barreira flutuante no Rio Tietê para conter aguapés, enquanto Cetesb interdita praias devido à toxicidade das algas. Medidas visam mitigar impactos ambientais e de navegação.

Restauração florestal na Amazônia: uma obrigação que pode se tornar uma oportunidade econômica e ambiental
Meio Ambiente
Clock Icon
3
min
Restauração florestal na Amazônia: uma obrigação que pode se tornar uma oportunidade econômica e ambiental
News Card

Análise da Climate Policy Initiative revela que estados da Amazônia Legal tratam a restauração florestal como obrigação, sem conectar políticas a oportunidades de mercado, como o de carbono. A falta de governança dificulta a implementação integrada das ações necessárias.