Meio Ambiente

Corte Interamericana de Direitos Humanos reconhece clima saudável como direito humano e exige ações urgentes dos Estados

A Corte Interamericana de Direitos Humanos publicou a Opinião Consultiva 32, exigindo que Estados protejam direitos humanos frente às mudanças climáticas, com foco em grupos vulneráveis e participação cidadã.

Atualizado em
July 14, 2025
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Estragos provocados pelas chuvas e enchentes em Encruzilhada do Sul, no Rio Grande do Sul - 17.jun.25/Prefeitura de Encruzilhada do Sul via facebook

No dia três de julho de 2025, a Corte Interamericana de Direitos Humanos divulgou a Opinião Consultiva 32, que estabelece a relação entre emergências climáticas e direitos humanos. O documento determina que os Estados devem proteger o clima e a natureza, reconhecendo-os como sujeitos de direitos. A Corte enfatiza a necessidade de ações urgentes e eficazes para enfrentar a crise climática, com foco em grupos vulneráveis e na participação cidadã.

A Opinião Consultiva exige que os Estados garantam direitos humanos, incluindo vida, saúde, moradia, trabalho, educação e igualdade, que são impactados pelas mudanças climáticas. A Corte também destaca a importância do acesso à Justiça e da proteção aos defensores de direitos humanos, assegurando o direito de defender esses direitos. A perspectiva de direitos humanos deve guiar as soluções para a emergência climática, promovendo um ambiente democrático e a construção de políticas públicas baseadas em ciência e saberes tradicionais.

O parecer é considerado histórico, especialmente após o reconhecimento da ONU, em 2022, do meio ambiente saudável como um direito humano. No mesmo ano, o Supremo Tribunal Federal do Brasil declarou o Acordo de Paris como um tratado de direitos humanos, conferindo-lhe status privilegiado na ordem jurídica. O Acordo, adotado na COP 21 em 2015, comprometeu 195 países a mitigar o aumento da temperatura média global.

As enchentes no Rio Grande do Sul em 2024 afetaram 478 municípios e impactaram 2,4 milhões de pessoas, resultando em cerca de 200 óbitos e danos econômicos superiores a R$ 50 bilhões. Os mais vulneráveis foram os mais afetados, com a eliminação de mais de 150 mil postos de trabalho e cerca de 200 mil pessoas desalojadas. Em junho de 2025, novas enchentes em mais de noventa cidades gaúchas repetiram essa tragédia, evidenciando a gravidade da crise climática.

A Opinião Consultiva impõe a responsabilidade à União, estados e municípios, além dos três Poderes, para ajustarem suas políticas em direção a um futuro sustentável e respeitoso aos direitos humanos. As futuras legislações devem considerar os impactos no combate à emergência climática e às violações de direitos fundamentais. O juiz da Corte Interamericana, Eduardo Ferrer, afirma que todo juiz nacional deve julgar com base nos direitos humanos internacionais.

Com a aproximação da COP 30 em Belém, é crucial que o Brasil se posicione como um protagonista na abordagem integrada de direitos humanos, respeitando povos indígenas e comunidades tradicionais. A sociedade civil pode desempenhar um papel vital na recuperação e na promoção de projetos que ajudem os mais afetados por desastres climáticos, contribuindo para a construção de um futuro mais justo e sustentável.

Folha de São Paulo
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