Impacto Social

Denis Mukwege lança campanha global para erradicar o estupro como arma de guerra na Rio Innovation Week

Denis Mukwege, ginecologista congolês e Nobel da Paz, lançou a campanha Linha Vermelha na Rio Innovation Week, visando erradicar o estupro como arma de guerra e responsabilizar estados por suas consequências devastadoras.

Atualizado em
August 15, 2025
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A moçambicana Graça Machel e o congolês Denis Mukwege dividiram o palco na Rio Innovation Week Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Denis Mukwege, médico congolês e Prêmio Nobel da Paz em 2018, lançou a campanha internacional Linha Vermelha durante a Rio Innovation Week, com o objetivo de erradicar o uso do estupro como arma de guerra. Em sua palestra, Mukwege enfatizou a necessidade de proteger os corpos de mulheres e meninas, que têm sido utilizados como campos de batalha em conflitos armados. Ele destacou que essa prática não é exclusiva da República Democrática do Congo, mas também ocorre em outros países como Colômbia, Sudão, Síria e Ucrânia.

Desde a fundação do Hospital Panzi em 1999, Mukwege já tratou mais de oitenta mil mulheres vítimas de violência sexual, a maioria durante a guerra civil que assola a RDC há três décadas. O hospital atende, em média, dez mulheres por dia, com jornadas de trabalho que podem chegar a dezessete horas. Mukwege relembrou o primeiro caso que atendeu, onde a paciente foi estuprada coletivamente em público, revelando a gravidade e a frequência desse tipo de violência.

As consequências do uso do estupro como arma de guerra vão além do trauma individual. Mukwege apontou que essas ações provocam deslocamento forçado de famílias, destruição do sistema reprodutivo das mulheres e impactos econômicos significativos, uma vez que elas são fundamentais para as economias rurais. O médico também mencionou a propagação de doenças sexualmente transmissíveis e a erosão dos valores comunitários como efeitos colaterais dessa violência.

O Hospital Panzi não se limita a tratar as feridas físicas das vítimas. A instituição conta com uma equipe multidisciplinar, incluindo psicólogos e assistentes sociais, que ajudam as mulheres a se reintegrarem socialmente e economicamente. Mukwege destacou a importância da luta contra a impunidade, que é essencial para o processo de cura das vítimas, permitindo que elas se reconheçam como sobreviventes e não apenas como vítimas.

Durante a palestra, Mukwege também abordou a necessidade de responsabilização dos estados que permitem ou ignoram esses crimes. Ele afirmou que, embora a responsabilização individual dos perpetradores seja crucial, não é suficiente. É necessário que os estados também sejam punidos por suas omissões. A educadora e ativista Graça Machel, que participou do evento, reforçou a importância de colocar a pessoa humana no centro das inovações sociais e tecnológicas.

A campanha Linha Vermelha busca mobilizar a sociedade para que o uso da violência em conflitos seja considerado inaceitável. A união em torno dessa causa pode fazer a diferença na vida de muitas mulheres que enfrentam as consequências da violência sexual. Projetos que visam apoiar essas vítimas e promover a justiça social devem ser incentivados pela sociedade civil, contribuindo para a transformação de sofrimento em força e liderança comunitária.

Estadão
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